2006/02/20

Be my Valentine!


Sábado de manhã, surpresa do dia das Namoradas e o nosso dia 18: uma massagem de pedras quentes para as duas. Não há palavras para descrever. Fantástico é dizer pouco. A minha Lu, que não é adepta de massagens diga-se de passagem, ADOROU. Saímos de lá novas: corpo e mente! Passámos o sábado em beleza, enamoradas e relaxadas. Recomendo a toda a gente!

PS- Queria fazer-te todos os dias uma surpresa como esta ;)

Panquecas com frutos silvestres


Fim de semana em Lx, visita guiada pela cidade, Assembleia da Républica e exposição “O Poder da Arte”, vários repastos (caseiros e não só). O culminar foi o pequeno almoço de domingo: panquecas de frutos silvestres, nham nham! Obrigada Neva e Micas, pela boleia, partilha e hospitalidade. Simplesmente adorámos!

Nota- Este post deveria ter sido feito à 1 semana atrás, uma vez que foi nesse fim de semana que esta visita se deu. No entanto, a semana que passou foi difícil por variados motivos, não me permitindo ter tempo nem vontade de postar.

2006/02/07

In my mind

Já há algum tempo que não pensava em biberões, fraldas, chupetas e afins. Hoje sinto-me como se fosse chegar a casa e ter um pequeno milagre à nossa espera. Se alguém vir uma cegonha por aí, que me avise.

2006/02/06

2ª Feira

Estou aqui gelada, tentando enfrentar os 5ºC do meu escritório, resmugando com um temporizador de ar condicionado que não funciona... sem conseguir pensar em mais nada que tu, eu, a nossa cama quentinha... Por esta altura o ambiente já está mais quentinho, mas não consigo aquecer os pés. Hoje devia ter feito gazeta contigo.

2006/02/03

Languidez dos gestos II

Desde muito cedo que havia algo de que gostava muito mais do que andar a cabriolar com amigos, ver televisão, ou qualquer outra actividade predilecta das crianças daquele tempo.

No meio de uma família com uma mãe que corria (corre ainda) literalmente *hoje quando me repreendem a passada larga, conto sempre como aos ¾ anos tinha de correr ao lado da minha mãe para lhe conseguir acompanhar o passo* para alimentar, vestir, arrumar uma casa de gente e um pai que acima de tudo é ponderado, minucioso e perfeccionista... estava eu. Capaz de levar a martelar o juízo da minha mãe com cantorias, lengalengas, imitações de instrumentos musicais... era contudo capaz de levar horas junto do meu pai em silencio absoluto, respondendo apenas a perguntas suas, fazendo apenas as perguntas fundamentais para me sentir esclarecida e cumprindo as suas ordens.

Eu era o que ele chamava de “o meu servente” e fazia com ele “mandadinhos”. Da carpintaria à electricidade o meu pai era um híbrido entre o Tim das “Obras em casa” (lembram-se da série?) e Filipa Vacondeus . Levávamos horas procurando no meio de centenas de parafusos velhos que guardava numa caixa o parafuso certo para apertar aquela dobradiça da janela. “Vê lá aí filha, olha tem de ter a cabeça assim, em cruz e tem de ter este comprimento ou maior. Se for maior cortamos com o alicate” A minha ferramenta predilecta era a torquês velhinha que nos meus primórdios chamava de português- era portanto fervorosa adepta do produto nacional.

Todas estas tarefas eram executadas com uma calma e ponderação inimaginável. E eu ficava hipnotizada, seguindo todos os seus gestos, raciocínios, tentativas. Era como se uma força invisível me imobilizasse a cabeça, segurando na nuca, provocando-me arrepios. Ficava assim num torpor prazenteiro.

Aprendi assim a apreciar estes gestos lentos nas mais variadas pessoas (desde o homem do talho e a forma certeira com maneja o cutelo, ao trabalho dos artesãos...) e tudo o que possa comportar este tipo de meticulosidade e meditação de gestos. Este prazer tem-me acompanhado toda a minha vida. Hoje é raro apanhar-me assim presa aos gestos de alguém, fruto do ritmo que levamos talvez. Mas quando consigo tal coisa é como se fosse criança outra vez a seguir os gestos do meu pai.

2006/02/02

Languidez dos gestos I

A propósito deste post, que provocou este comentário, as rodas perras do meu cérebro começaram a rodar e ranger. E por terem rodado pra xu-xu, divido o que era suposto ser um post, em dois posts.

Acho que ainda sou da geração em que o Lucky Luke tinha um cigarro pendurado nos lábios em vez da tão politicamente correcta palhinha (reparem que poderiam ter utilizado a opção do palito, e o final não seria tão feliz). Sou da geração em que o cowboy da Malboro ainda passarinhava por aí. Sou da geração de um não mais acabar de filmes de índios e cowboys fumadores às tardes de sábados e domingos, seguido da fiel reprodução de todo o enredo no meu quintal –eu, o meu cavalo e os meus amigos imaginários.

O acto de fumar ficou assim profundamente marcado em mim, como algo de profundamente cool; o mesmo que dizer do alto da maturidade dos meus 30 *aham* profundamente sexy. Todo o ritual envolvido no acto tem algo de electrizante.

Analisando o porquê, apercebo-me na verdade que pela mesma ordem de ideias que me levam a afirmar isto nesta cesta cabem também: assentar tijolos, esculpir um pedaço de madeira, caiar paredes, restaurar portas velhas, construir galinheiros, fazer um desenho, virar e revirar uma carica nas mãos enquanto se bebe uma cerveja e pensa-se na vida... e fiquemo-nos por aqui senão levava a noite toda nisto. O ritual encanta-me. A languidez dos gestos. A meditação. Em última instância, fumar é sexy porque naquele gesto há reflexão, mistério, introspecção.

Lá em casa ninguém fumava. Tive uma adolescência impoluta. As crises de identidade na universidade levaram-me a fumar. Não fumava publicamente, porque me envergonhava. Gostava de fumar às noites, nas longas noites de estudo na janela do 8º andar, enquanto fazia uma pausa, observava a noite e deixava-me invadir pelos meus pensamentos. Após de um ano, com vários interregnos, deixei de fumar. Não compensa de maneira nenhuma. Mas tenho que confessar que ainda é apelativo, especialmente em alturas de maior actividade cerebral em que preciso de arrumar as ideias.

E todas as vezes que cedo ao apelo, que agora é mais refinado que os Peter Stuyvesant Extra Light, juro que é a última vez. É que juro mesmo!

2006/02/01

À queda das paredes!

Passado sábado, o dia estava tão bonito e a correr tão bem, que decidi pegar na minha Lu e ir passeá-la a um sítio que sempre adorei, mas aonde já não ia há imenso tempo. Fomos passear a Faro, à cidade velha. Costumo ir lá ocasionalmente, mas apenas de passagem, nada a ver com as passeatas que lá dava durante a minha adolescência, na companhia da minha melhor amiga e munidas das nossas bicicletas e câmaras fotográficas, sempre prontas a registar um detalhe mais pitoresco. Passávamos horas por aquelas ruas, imaginando qual daquelas casas gostaríamos de restaurar para nossa morada.

Assim, lá fomos nós, eu e a Lu, eu conduzindo-a pelo meu percurso, Arco do Repouso em direcção à Galeria Trem, onde vimos uma exposição de pintura em três dimensões, e de seguida em direcção à Galeria Arco, que era a minha principal meta. A galeria Arco sempre foi a minha preferida. Mesmo em cima das muralhas, a namorar a ria formosa, é o melhor ponto da cidade de Faro para se ver um pôr-do-sol. E como era fim de tarde, era isso que eu queria mostrar à Lu: o meu pôr-do-sol favorito. Ao chegarmos lá deparamo-nos com o portão fechado e uma placa a indicar o horário de funcionamento do Museu dos Brinquedos. Museu dos Brinquedos??? Então que é feito da Galeria Arco? Rumamos então em direcção às Portas do Mar, para admirar o pôr-do-sol no cais. O mesmo pôr-do-sol que queria ver mas uns quanto metros mais acima.

Vim de lá a matutar, quanto tempo teria passado desde que eu não ia ali. Chegámos à conclusão de que a Lu nunca tinha ido ali comigo. E nesse momento apercebi-me que pelo menos há 8 anos que não vou à Galeria Arco. E porquê? Porquê falhei em mostrar à Lu aquele sítio tão especial para mim, sobre o qual eu dizia: se fosse rica queria que a minha casa fosse aqui, com esta varanda enorme sobre a Ria Formosa. A Lu mostrou-me sempre todos os locais especiais dela…

Vi-me assim no início do nosso namoro, e apercebi-me que fiz tudo para fugir da minha terra, dos meus lugares. Que tive medo que as gentes da minha terra percebessem no meu olhar que eu estava apaixonada por aquela mulher. Que desde então só quis estar onde não me conhecessem. Nunca tive vergonha da Lu, e creio que posso afirmar que após superar a fase terramoto que foi descobrir este sentimento lindo, mas que questionava toda a minha formação, nunca tive vergonha do sentimento. Mas sempre tive medo de ser apontada na rua. De que a minha família viesse a sofrer por isso. Do enxovalhanço público. Por isso namorar era em casa. Onde era seguro.

Hoje penso numa Teresa e numa Helena, que dão a cara como pouc@s se atrevem. E agradeço-lhes, porque o gesto delas é mais um passo na conquista dos nossos direitos e espero que a cruz não seja demasiado pesada para elas. E agradeço a tod@s que no anonimato da comunicação social, mas no seu dia a dia, tornam-nos visíveis, dão um exemplo positivo e que pela sua maneira de ser e de estar na vida destroem todos os argumentos homofóbicos que nos prendem dentro das nossas paredes. Boa Sorte a tod@s!