2006/05/07

Escondam-me as facas e cordas!

É oficial! Na próxima oportunidade que tiver vou vender os gatos a peso a um restaurante chinês. Até que devem render um bom dinheiro uma vez que já estão um pouco para o pesadotes...

Esta casa deixou de ser nossa. Suas senhorias assenhoraram-se dela e nós somos meramente as suas tratadoras. Primeiro foi o balde do lixo. Após algum tempo de estudo, o gato apreendeu o complexo mecanismo do pedal do balde do lixo, o que levou a termos que fechar o balde do lixo na dispensa, o que trás um novo significado à ameaça: Olha que te fecho na dispensa!

Depois foram as gavetas da cozinha que estão todas esgatanhadas devido ao alto especializado instrumento utilizado pelos bichinhos para as abrir, vulgo, unhacas. Panos da loiça e afins tornaram-se cobertores de suas senhorias que após abrirem a gaveta, racham uma soneca dentro dela. Agora não há visita que venha cá a casa que não tenha que passar pela exaustiva explicação sobre o que faz um banquinho da melhor e maciça madeira sueca da Ikea e uma mopa encostados às gavetas.

Ontem, aprisionadas de uma preguiça descomunal fizemos um parco almoço em que o elemento rei eram uns filetes de atum e sardinhas enlatados. Suas senhorias ao ouvirem o famigerado som de uma latinha a ser aberta sem que lhes calhasse um bocadinho sequer, aproveitaram o nosso retiro gastronómico na Sala de Jantar para arrastar o tufo de erva para gatos (que as donas ingenuamente semearam numa bandeja) desde a varanda até ao tapete da cozinha. Nós, na nossa pureza degustávamos as delicias marítimas enlatadas, excelsamente guarnecidas quando, ao levarmos os despojos da refeição de volta à cozinha, a primeira dona (Lu) diz "Ai" seguida de um estranho silencio. A segunda dona (nina) continuava ainda na sala retirando alguma da baixela de cima da mesa e decide-se a ir à cozinha. Assim que entro digo "Ai" e a minha digníssima companheira, já confortavelmente sentada no sofá começa a conjecturar "hum... porque será que cada vez que alguém vai à cozinha solta um Ai???"

Hoje aproveitaram-se da nossa ida semanal à missa (leia-se "Modelo") para deixarem um elemento infiltrado (Capuccino) no quarto das donas, que devido à pressa para ouvir a liturgia da secção de fruta e legumes, ficou com a porta do armário aberta. Ao regressarmos saciadas com o pão nosso (pois! Que o comprámos!) constatámos que lá estava um gato escondido com rabo de fora, que tinha dormido na nossa cama e vestido as nossas T-shirts (só pode, pois várias estavam espalhadas pelo chão enquanto outras pendiam da gavetas como se estas tivessem sido esventradas).

Um gajo aguenta, aguenta, aguenta... até que não pode mais! Passei-me! Represália máxima: coloquei-lhe coleiras com guizos que estavam guardadas há dois anos pelo menos, demo-lhes banho, mas não me safei desta última estrafega sem que a XoudonaTisna tentasse fazer um piercing na orelha direita com uma, das suas então compridas, garras.

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