2011/01/29

3 Anos

A esta altura, à 3 anos atrás, estava a despedir-me das minhas duas princesas para regressar para casa sozinha.

O parto, induzido porque a Maria não se decidia a sair, estava programado para dia 28. Passamos a tarde juntas, a Lu ligada a soro com pozinhos de perlimpimpim, a fazer piscinas no corredor do hospital, para sentir menos dores, para não estar deitada, para facilitar-acelerar whatever, o trabalho de parto. As enfermeiras, umas queridas, no meio da azafama iam deitando um olhar e um sorriso de quando em quando até que ao verem a regularidade com que a Lu parava e se encostava à parede, deram indicação para a Lu entrar para a sala de partos. Eram 20:30h mais ou menos. Eu tive que esperar cá fora no átrio mais ou menos meia hora para lhe administrarem a epidural.

O resto da noite foi intercalada entre estarmos sozinhas na sala de partos (que não imaginava tão pequena) e termos 3-4 pessoas de roda da Lu, todas com cara de "isto não vai lá assim, mas já agora aguenta-te e faz força na mesma, porque as salas de cesariana estão ocupadas". Durou este tango até cerca das 11:30h, quando a finalmente a mandaram para cesariana. Deixei a minha bata verde pendurada no cabide que me indicaram e voltei para o átrio.

Não tinha jantado (nem a Lu, que não podia). Nem me consigo lembrar se tinha fome, se pensei que era melhor comer algumas das barrinhas energéticas que tinha levada comigo, para evitar que me desse um piripaque hipoglicémico. Comi sem saborear algumas barrinhas, sozinha, sentada naquele átrio, num silêncio que nunca tinha sentido naquele hospital. Os meus ouvidos estavam a zunir, a adrenalina tinha feito o seu papel, mas agora descia a pique, tudo abrandava em mim, parecendo que passava uma eternidade.

Finalmente a porta abriu-se, mas era apenas uma enfermeira que sorri quando me vê levantar num supetão. Desaparece no corredor, mas logo regressa com um berço vazio. Volto a sentar-me. Passado um bocado volta a abrir a porta do bloco de par em par, mas desta vez o berço não está vazio. Sorri e chama-me. E foi ali, entre-portas que vi a Maria pela primeira vez. Era 00:25h. A Maria tinha nascido às 00:06.

Surreal talvez seja o melhor adjectivo para esse momento. Um misto de emoção, estranheza, de "afinal eras tu que estavas aí". O olhar é reciproco. A Maria estava de olho bem aberto, não perdendo pitada, e olhava-me com ar curioso, no mínimo. Tiro a primeira foto com o telemóvel e envio a tod@s quando aguardavam a boa nova. A enfermeira que entretanto tinha nos deixado ali no meio do corredor, volta e diz para entrar com ela numa das salas de recobro. Pergunto se posso pegar nela e diz-me que sim. Ficamos assim juntas, ela no meu colo até que vejo a Lu passar numa maca para a sala em frente. Quando o pessoal médico sai, entro com a Maria e é então que a Lu amamenta pela primeira vez a Maria, auxiliada por uma enfermeira que lhe vai dando instruções. Revejo a cena, outra vez o mesmo olhar, a Lu e a Maria como que a medirem-se, a conhecerem-se. Então ficamos sozinhas as 3, a Lu suspira, acalma o medo passado e regozija-se na bebé que teve.

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Parece tão longe, e ao mesmo tempo tão perto. Aquela bebé forte e simultaneamente tão frágil agora é uma menina, que nos surpreende com um questionário, como que a rever a lista de compras:
"Mãe e os 'pitos?"
"Os apitos estão aqui"
"Ah, boa!... Como zais xazer o baranha aqui no bolo? (ela queria um bolo do Homem Aranha)"
"Olha Maria, as mamãs não conseguem fazer o Homem Aranha"
Olhar triste, silêncio.
"Mas olha, pode ser um bolo com 3 meninas?
Sorriso ilumina-se. "SIMMMMMMMM, EEEEHHHHHHHHHHHHHH"
"E os copos mãe?"
"Estão ali, estás a ver?"
"Mãe! NÃO TEMOS PATOS!!!"
"Temos sim, olha aqui os pratos."
"Mas, mas... olha... não são do Homem Aranha. Olha, o pai do 'Cado compou patos do baranha!"
"Oh Maria, mas não havia quando nós comprámos".
"Mãe, e os 'péus?
"Os chapéus estão aqui, são do Mickey"
(silencio) "Mãe, mas e as meninas?"
"As meninas também podem por os chapéus do Mickey. Tu também gostas do Mickey!"
"A Maia gota do Mickey!... Olha, não temos colheres!"
"Temos, olha aqui."
Maria inspecciona as colheres. Antes que levantasse objecção por serem transparentes, a Lu diz:
"Olha, anda ver o que fizemos para a festa: gelatinas e pudins. Já viste que coloridos?"
Sorri de orelha a orelha "Ehhhhhhh, Obrigada mamã"

A Lu disse e dou-lhe razão. Para o ano é ela que vai organizar a festa de anos dela. Podem apostar.

2011/01/27

Sem dramas, mas com uma dose qb de "porquê ela". A Maria tem uma hérnia inguinal que terá de ser operada daqui a uns meses.

A cirurgia mete-me um bocadinho de medo, mas o que me custa mais é pensar no pós-operatório. Como se explica a cirurgia, que depois vai ter que ficar quietinha, enfim... estas coisas todas.

Ela tem uma relação tão boa com os médicos e com a medicina e tenho pena se isto a for prejudicar. Sempre tomou remédio sem dramas, de livre vontade, vai às consultas, toma vacinas sem problema nenhum e quando faz um doi-doi ou tem tosse diz logo que tem que ir à doutora porque está doente.

Mas e era mesmo necessário isto aos 3 anos???

2011/01/26

Auxuliar de memória I

A minha criança ontem disse "Bué" pela primeira vez (à minha frente). E quando lhe disse para não ver aqueles desenhos animados que eram feios ela retorquiu "Xculpa lá, não são nada feios! Xculpa lá!"

2011/01/20

E se se fossem encher de moscas?

A novidade do ano aqui na chafarica é, imagine-se... não é pagar os salários a tempo e horas, mas sim a existência de uma Newsletter trimestral. Seams like someone is on Prozac...

Sex appeal ( ou ao ouvido)

Tenho um auricular bluetooth que quando o ligo diz-me numa voz feminina e sensual "Turned on" a que se segue "Connected" e quando o desligo diz "Turned off".


Será que isto conta como preliminares?

2011/01/19

Tudo passa, tudo sempre passará



Ouvindo esta música desde ontem à noite, e achando que faz todo o sentido. A Lu disse-me e bem, que é "ciência da vida".

Como uma onda no mar


Lulu Santos & Caetano Veloso

Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo
Não adianta fugir
Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Nada do que foi será
De novo do jeito
Que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo
Não adianta fugir
Nem mentir pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar


PS- Para o pessoal do Brasil, um abraço e votos que estes tempos que estão vivendo passem em breve.

2011/01/18

A culpa é como o tecido adiposo abdominal. É como a gordura visceral. As pessoas passam-te chocolates e tu comes, enfardas, lambes os dedos não é?

2011/01/07



Quando era uma chavala, olhava para este anuncio e pensava que isto é que era serenidade de espírito. Podia estar tudo às avessas, mas ficaria tudo bem se estivesse num carocha à beira praia, a ver o nascer do sol, com uma caneca de Nescafé fumegante entre as mãos. Agora sei que provavelmente o que aconteceria era que quando chegasse à praia o sol já teria nascido, a resistência não funcionava e não conseguiria ultrapassar os obstáculos no meu caminho, porque os levo para todo lado sempre a azucrinar-me a cabeça. O que eu queria ser aquela moça.

2011/01/06

Sabem a crise do açúcar?

A 27 de Novembro de 2010, um pacote de 1 kg de açúcar custava 0,72€.

Na semana do Natal após "ruptura" de stock nos hipermercados, 1 kg de açúcar custa 0,89€.

Coisa pouca, mas os Senhores desta guerra sabem encher o papo grão a grão.
Ontem ao almoçar com a Lu e duas colegas minhas, falávamos sobre gravidez, bebés e acabámos por falar também sobre o desafio do casamento, melhor dizendo... de uma relação. Todas concordaram que é duro, é difícil, é trabalhoso e no meio de tudo isto fomos também contando as pequenas quezílias do dia-a-dia. Mais concretamente acerca da minha teoria de que temos timmings diferentes para arrumar as coisas. E em como eu assumo determinada tarefa como minha e a agendo na minha cabeça como "mais tarde". Até que a Lu passa pelo local do "crime", vê as coisas por fazer e fá-las. Uma delas comenta "Pensava que com vocês não era assim!" Ao que respondemos com uma gargalhada. "Somos pessoas distintas. Com distintas formas de fazer as coisas. Claro que há conflitos!"

Foi um almoço muito bom. Pela partilha, pelo ambiente descontraído. Por não me sentir travada de dizer o que me apetece.

Selo e desafio

Já à muito tempo que não me meto nisto dos desafios. Mas de repente dei com este desafio e pronto, why not?



Assim:

1. Referir quem ofereceu o selo: Nikkita

2. Qual é o teu chá preferido? Se me perguntassem isto à 4 semanas atrás não saberia responder. Agora já sei: é o Chá de Natal do Algarvespice. Antes disse talvez dissesse chá preto com leite (à inglesa). Ou roiboos. Ou chá branco.

3. Quantas colheres de açúcar costumas pôr? Nenhuma. Não gosto de chá doce. Excepto se for chá preto com leite. Nesse caso ponho 1 1/2.

4. Passar o selo a 6 pessoas: Para quem quiser, mas pronto, quem me aquece o coração bloguisticamente são:

aNa

Estrunfina

Papoila e Orquídea

Maria Carolina

Pucca

m.m.botelho


Bad hair day

Qual é a pergunta que mais oiço de manhã antes de sair de casa?

- Nina, mas tu já te penteaste?

Quem disser que os cabelos encaracolados são mais fáceis, porque é só dar um jeito e estão sempre bem, MENTE!!!


The Girl Effect

2011/01/05

Xixi no banho

Chegou a hora de sair do armário! E você? Faz xixi no banho? Não precisa respondei. Eu sei que faz ;)

Feliz Ano Novo e tal...

... tenho andado de poucas palavras... Estive de férias e com pouca vontade de me ligar. Tudo quando me apetece é derramar no sofá, fazer malha e esquecer computadores. Comecei o ano tal e qual como o acabei: cheia de preguiça. Preguiça de tudo, até de falar com as pessoas. Não que não me apeteça estar com pessoas. Apetece-me sim, mas que o seja de uma forma tranquila e passiva: ou seja, que eu seja uma ouvinte e não uma oradora. Até o prazer de cozinhar tem andado escasso.

De caminho, entre o velho e novo ano, uma resolução. A mudança em perspectiva, e como sempre que a mudança espreita... o medo. Sempre foi assim. O medo que o adicionar de novas parcelas a uma equação altere o resultado de uma forma menos positiva. Na vida não é possível fazer Ctrl+Z a maior parte das vezes. Não me dou bem com dicotomias.

A minha força motriz não é interna. O que não é de todo bom sinal. O que seria de mim sem ela?