2008/02/24

Adeus mãe

Morreu ontem às 08:30h após 2 meses de sofrimento, sempre com uma lucidez assustadora. Não sei traduzir o que sinto. Um alívio por não a ver sofrer mais, uma saudade imensa projectada num futuro em que sei que ela já não está lá, um relembrar toda uma vida juntas. Um revolta porque ela não merecia este fim.

A minha mãe foi uma mulher como poucas. Era a força motriz da nossa casa, uma lutadora. Não digo isto apenas por ter sido a minha mãe. Acabada de sair de uma cirurgia, que se revelou ter sido o princípio do fim, que a debilitou a um ritmo alucinante, ela diz-me “já devem ser quase 8h, tens de ir para casa com o teu pai para lhe dar o jantar”. Há dois dias atrás sem forças nenhumas pergunta-nos o que tínhamos na panela de pressão a cozer e instrui-nos sobre o tempo de cozedura. E foi assim até minutos antes de expirar. Não mãe, não merecias isto.

Às minhas amigas que aqui vêm, e que possam estar na dúvida se eu quererei ser deixada em paz, a resposta é não, não me deixem em paz. Preciso de vocês, preciso da normalidade do quotidiano, de um abraço vosso, de tudo quanto me afaste deste ambiente de morte. Não, não estou a fugir, tudo o que se passou e está a passar está demasiado imprimido em mim.

Não sei quando postarei novamente. O tempo tem sido pouco, mas quando venho aqui, ao mesmo tempo que estou cheia de saudades do blog, logo me dá uma branca e não sei o que dizer. Veremos.

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