2008/11/24

A semana que passou foi um bocado difícil para nós. Andamos para lá de cansadas, desgastadas até ao tutano. Foi preciso chegar aos 33 para saber o que é realmente ser crescida. Esta crise que anda na boca de todos - e principalmente nas carteiras - não ajuda nem um bocado, mais que não seja... na moral.

A Maria também tem os seus problemas, agora está a crescer dentes à força toda  e anda ranziza. Já começou a fazer birras quando não se quer sentar na cadeira, daquelas de ficar tipo tábua empranchada que ninguém verga.


Foi numa destas birras que nos pregou um susto valente. Entendeu que não queria ficar deitada no muda fraldas e prendeu um choro daqueles que não sai som nem entra ar, os lábios roxos. Às tantas ficou parada e revirou os olhos para trás. Ficámos geladas a olhar para ela por segundos que me pareceram uma eternidade. Apressei-me para pegar nela, virá-la sobre os meus braços e dei-lhe duas palmadas entre as omoplatas para a obrigar a respirar. Rebentou num choro, passei-a à Lu para a consolar, ainda atónita com o que estava a acontecer. Consolámos a Maria que me olhava com mágoa, como quem diz "és má, deste-me tau-tau". Não conseguimos fazer nada mais nessa noite, parece que todas as nossas energias e alegrias nos tinham sido sugadas.

No dia seguinte telefonámos ao pediatra, que disse para não nos assustarmos, que era normal, algumas crianças faziam o que ele apelidou de "espasmos de choro", e que era algo que ocorria dos 9 meses até aos 5 anos. Que para já era acidentalmente, mas que se ela visse que quando acontecia isso, nós depois cedíamos, que ia começar a fazer isso conscientemente quando quisesse levar a vontade dela avante.

Entretanto "culpámos" o infantário pelo cansaço que a Maria traz para casa e lutámos para que as educadoras se empenhassem em pôr a Maria a dormir a sesta à tarde. Com alguma argumentação lá conseguimos levar a água ao nosso moinho. Espero que isso ajude.


Já teve na sexta-feira passada outro episódio destes, mas fizemos como aconselhado pelo pediatra: assim que a reanimamos e consolámos, voltou ao mesmo ponto onde começou a birra. É difícil ser impiedosa com a Maria, quando tudo o que me apetece é adormecer com ela nos meus braços e esquecer o mundo, mas é algo que tem mesmo de ser, para bem de todas.

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