2010/02/24
2010/02/22
Série de posts que não estão relacionados V
Série de posts que não estão relacionados IV
Série de posts que não estão relacionados II
2010/02/19
AI...
Ingénua is my middle name
Na mesma medida, imagino que os outros tenham mais que fazer que falar e comentar a minha vida. Sempre fui assim. Desde o momento em que os meus irmãos mais velhos, já casados e que não me ligavam senão no Natal e aniversário... se reuniram com a minha mãe, para manifestar preocupação por eu ir todos os dias para escola com uma bola de basquetebol (durante a minha adolescência) "porque não era de menina", que constatei com espanto que não sou tão invisível quanto pensava e gostava, e que afinal sob aquela capa de indiferença se escondia uma profunda preocupação pelo meu bem-estar.
Assim, ainda hoje constatei que continuo tão ingénua como aos 14 anos. Mas convenhamos... epá com uma vida tão sumarenta como a nossa, como podemos pedir às pessoas que não falem de nós??? Que lhes ficaria para comentar? A senhora da mercearia que rouba nos pesos, a crise económia, ou PIOR - Deus nos livre e guarde- dos seus próprios problemas??? C´horrooooooor.
2010/02/18
2010/02/11
Catarse (passem à frente se não vos apetecer)
aNa, esperava ponto por ponto estes teus comentários. ;) Demorei horas para escrever aquele post e sabia que mesmo assim para o explicar seria necessário mais do que aquelas linhas. Teria que explicar não uma, mas 6 vidas.
1) Não parto do pressuposto que a orientação homossexual nos torne super heróis. A minha mãe era a minha heroína independentemente da sua orientação sexual.
2) Tenho tendência para endeusar a minha mãe, é verdade. Não a desresponsabilizo dos seus defeitos, dos seus actos, porém acho que foi fortemente condicionada pelo meu pai por um lado e por outro lado, pela sua proveniência e opções que lhe estavam disponíveis na época em que viveu.
No caso concreto da minha mãe, ela era mais esclarecida, empreendedora, independente, forte, segura que o meu pai. Tempos houve que lhe disse que ela não precisava dele para nada, porque é que ela não se divorciava. Isto em tempos em que era muito fácil encontrar soluções para problemas complicados. Curiosamente, ao pensar como seria se a minha mãe fosse lésbica, não escrevi este post a imaginar um relacionamento desse carácter. Limitei-me a retirar a figura do meu pai do quadro. Não pus ninguém no seu lugar. A minha imaginação "doesn't go that far".
A minha mãe casou-se com o meu pai em 1956, julgo. Numa altura em que uma mulher sem educação (2ª Classe), pobre e proveniente de uma família desmembrada, sem bases e posses não tinha outra alternativa senão casar-se para ter uma maior segurança financeira. Aos 7 anos tomava conta de um rebanho de animais, cada um de sua espécie, cada um puxando para o seu lado. Levava nessa altura preso à cintura um tachinho pequenino e umas armadilhas de passarinhos, que apanhava durante o pastoreio e cozinhava no tachinho para acompanhar o naco de pão que lhe deram à saída de casa. Trabalhou também na ceifa e quando as colegas lhe descobriram a voz de rouxinol começaram a pagar-lhe uns tostões para cantar na ceifa.
Saiu de casa aos 15 anos para ir servir como criada em casa de "Senhores" em Lisboa. Atravessava Lisboa inteira para fazer as compras para a casa dos "Senhores" com o dinheiro contado, à procura onde algo fosse uns tostões mais baratos (e guardava o troco). Dormiu num vão de escadas. Namorou. Ninguém lhe encheu as medidas.
Aos 26 anos apareceu o meu pai, homem apaixonado, honesto, sem vícios. Começou a namorar com ele. Estava a ficar "fora de prazo" e as pessoas começavam a falar porque frequentava a casa do meu pai para cuidar dele enquanto ele esteve doente (teve uma pleurisia). Casou-se. Passado um ano teve 1 filho. E mais 2, de dois em dois anos. E eu passado 19 anos.
Tiveram muitos negócios. O penúltimo, negócio de criação de frangos fazia-a levantar de madrugada para matar, depenar e arranjar as galinhas para o meu pai depois levar às mercearias e restaurantes. Os meus 3 irmãos ajudavam antes e depois da escola. Lutou muito contra o meu pai e o seu autoritarismo. Valeu-lhe vários amuos de meses. Uma vez o meu pai ficou sem lhe tocar ou falar durante 6 meses. Tomou conta da minha avó paterna nos seus anos de vida durante os quais engoliu uma série de sapos.
Após o meu pai ter trespassado o último negócio que tiveram, por um valor ridiculamente baixo (nunca foi bom negociador), e ter gasto as poupanças nuns terrenos que comprou para ter mais trabalho (até ao fim dos seus dias), ficámos depenados. Começou a fazer folares e empanadilhas para ganhar dinheiro primeiro para pagar a minha explicação de Matemática e depois, após ver a boa aceitação e o rendimento que conseguia, passou a fazê-los o ano inteiro e com isso governava a casa, começou-me a dar uma semanada de 500 escudos, mandou fazer uns vestidos na modista... O meu pai sentiu-se diminuído, amuou quando ela levou a minha avó materna para a nossa casa. Passado alguns anos mudou a atitude. Ficou mais brando. Reconheceu-lhe valor. A conta bancária estava a recuperar graças aos folares e empanadilhas.
(...)
No último ano da sua vida a minha mãe faltou pela primeira vez ao respeito ao meu pai. A minha tia e ela tiveram uma discussão por causa da questão das minhas avós e a minha mãe revoltou-se por ninguém lhe agradecer ter sido ela a tratar da sogra e ao mesmo tempo ter sido tão hostilizada quando chegou a altura de tratar da sua própria mãe. O meu pai ralhou-lhe por ela ter falado como falou com a minha tia. A minha mãe disse-lhe "Olha lá... e tu não iras à merda, mazé?" E telefonou-me revoltada, zangada, injustiçada. Desabafou tudo. Consolei-a como pude. Depois veio a época das alfarrobas. E depois a das azeitonas. E eu e a Lu, grávida de 6 meses a ajudá-los. Outubro/Novembro. Dezembro, trouxe o diagnóstico de cancro. E o que se passou nos 2 meses seguintes foi demasiado doloroso, os mecanismos familiares foram demasiado sórdidos, para eu agora descrever. Terminou com ela a perguntar-me "Mereço isto?" e a desejar-me "Boa viagem, filha".
O meu pai portou-se exemplarmente durante a sua doença. Sempre a amou... como soube é certo. Quando morreu, a minha mãe tornou-se uma santa para ele. "Sempre sofreu muito, pobrezinha, por causa dos filhos... e eu também fui bastante áspero para ela." "Tens de ser forte filha, agora estás sozinha."
Agora, o meu pai voltou a ser o ser o umbiguista que sempre foi. Um umbiguista mais sofredor. Que é incapaz de acarinhar-nos na nossa visita, mas que chora na despedida. Que no seu silêncio cobra as faltas de ajuda na terra, com as alfarrobas ou as azeitonas. Que faz chantagem emocional surda. Talvez seja apenas eu que a oiça, não sei.
Esta zanga dificilmente será terapêutica, ou permitirá dar um passo em frente. Porque, como sempre não se fala "Lá estás tu, lá estão vocês com essas conversas, essas intrigas". O segredo, o silêncio, sempre o silêncio. E ainda é minha/nossa (dos filhos) a culpa de tudo o que se passou. Porque falámos. E devíamos ficar calados.
Quanto à minha mãe, esta mulher, com esta força que lhe conheci... dificilmente iria tolerar subjugação se estivesse em igualdade de circunstâncias. Talvez eu seja ingénua. Talvez não.
2010/02/10
Se a tua mãe fosse lésbica, mudava alguma coisa?
Se a minha mãe tivesse sido lésbica...
Seria uma mulher de trabalho, como sempre foi. Não teria que prestar contas e dever obediência a um marido prepotente e autoritário que só lhe deu verdadeiramente valor após 35 anos de casamento.
Não a teria encontrado inúmeras vezes a ensaiar discursos - que nunca chegava a ter - ao espelho da casa de banho. Quando alguém lhe pisasse os calos diria de sua justiça e pronto.
Seria dona da sua vida. Não lhe aparecia um carro à porta acerca do qual, a sua opinião nunca foi tida nem achada.
Quando os filhos começassem com ciumes parvos uns dos outros, intrigas e afins, provavelmente daria um par de berros a cada um e diria para nos entendermos. Não seria obrigada a ficar calada, ou falar às escondidas, porque "há coisas que não devem ser alimentadas, não devem ser faladas", estabelecendo-se o culto do "segredo".
Quando os filhos se casassem, daria (como deu) cestas e cestas de viveres para encher a dispensa, na difícil fase que é o começo de vida a dois. Às claras porém. Sem ter de esconder do marido.
Não teria que governar a casa com uma magra mesada de 20 contos, mesada essa que só muito recentemente foi actualizada. Não teria que pedir dinheiro para comprar uma roupa, ou comprar uma prenda para os filhos ou netos.
Teria arranjado um tempo para, de vez em quando, ir passear com os filhos à doca, ver o pôr do sol, como idealizava em solteira. Em vez de ficar em casa, fazer o jantar, comer, deitar as crianças e ainda ir fazer trabalhos domésticos até se ir deitar.
Não se teria desgastado tanto, fisicamente e emocionalmente, para poupar o marido.
Em relação aos filhos? Amaria-os muito, defenderia-os como uma leoa. Cometeria erros como qualquer mãe. Isto manter-se-ia inalterável.
Este post resulta de uma brainstorm individual, provocada pelo cartaz da campanha publicitária anti-homofobia da ILGA. De facto mudava muito. Mas nunca o amor que nos une.
PS- sim, tenho perfeita consciência que este post revela o quão zangada eu estou com o meu pai.
2010/02/09
2010/02/08
2010/02/05
Work in progress
2010/02/04
Finalmente... O BOLO
Às vezes adio, adio, adio... mas aqui está! O bolo que fizemos em pasta de açúcar para a festinha da Maria lá em casa. Foi uma trabalheira, mas no final, ficou bonito. Isto definitivamente não é para amadores... não sei se me aventuro a fazer outro...
PS1- sgfiltro, as velinhas do outro bolo mais pequeno são iguais a estas.
PS2- A bonequinha é a Maria e foi feita por mim :P
PS3- Sim, são gomas vermelhas à volta. Que a Maria após soprar o bolo fazia assim:
comia uma, dava uma a um menino, comia uma, dava uma a uma menina... ;o) espertalhona!
PS4- Oh pr'ó projecto em construção:
2010/02/03
Avatar
Com reduzida disponibilidade para ir ao cinema, cada vez que me dizem "tens de ver o Avatar no cinema" eu torço o nariz "hum, pois" e adio. Não tenho nem 1g de vontade de gastar as minhas horas de pipocas e coca- cola com este filme. Perdoem-me os fãs, mas parece-me que espremido e removido os efeitos especiais e 3D, fica muito pouco assunto e francamente... não estou nessa onda.
No entanto, este aqui, deu-me logo um formigueiro nos dedos, vontade de me afundar numa cadeira de cinema, dar a mão ao meu amor e esquecer-me do mundo à volta. Gosto de filmes que nos fazem regressar a casa em silêncio, com medo de quebrar o encanto e regressar à realidade e este parece-me ser desse tipo.