2005/10/26

A insustentável leveza do s… existir

Este tema é algo que me assalta de quando em quando: o facto de muitos de nós nos limitarmos assim… a existir. No contexto nacional então, acho mesmo que este é um dos principais fomentadores da falta de iniciativa geral.

Não há nada de mais terrível do que nos apercebermos que um dia sucede a outro e que nós apenas… existimos. Assim perdemos o comboio da evolução humana, com consequências desastrosas. Deixamo-nos parasitar pela rotina (que coisa feia) e nada fazemos para mudar. Assim se chegam ao fim de relações amorosas, assim se chega ao cenário político e social que Portugal atravessa neste (?) momento.

Fui criada numa família extremamente católica e treinada para não questionar os assuntos dos adultos. Como sempre fui uma menina muito bem comportada cresci assim, sem o treino do pensar. Introspecção era para mim sinónimo de rever a minha lista de pecados para de seguida ir ao confessionário.

Por isso costumo dizer que despertei para a vida aos 16 anos quando no meu círculo de amizades, os nossos longos debates me deram o treino que a família me negou. A maturidade emocional, no entanto tardou mais a chegar. Só quando conheci a Lu, já na universidade, e me tornei sua (ainda) amiga, é que esgravatei mais no fundo do meu íntimo. Até aos 22 anos posso dizer que apenas existi. A partir daí comecei a ser. Fui travando lado a lado com a Lu pequenas batalhas pessoais até chegarmos aos dias de hoje.

Contudo dei comigo a pensar por várias vezes em como, apesar das nossas conquistas, elas foram apenas pessoais. Olho para mim e para os outros e vejo que enquanto uns levam a vidinha corriqueira do dia a dia, outros empenham-se em causas que acreditam (sejam elas quais forem) muitas vezes com prejuízo para a sua vida particular e… envergonho-me. Não me interpretem mal. Não sinto que ando aqui por andar e sinto-me muito feliz com a minha vida. Apenas sinto que podia ser mais activa, interveniente… desperta. Não significa que agora ande de bandeira na mão ao estilo propaganda política, mas também sinto-me mais motivada para quando for necessário estar onde for preciso. Acho que isto de planear ter um filho também passa por isto, de querer mudar o mundo…

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