2005/12/03

Barcelona, te quiero

A sensação de estar numa cidade onde as coisas funcionam, é fantástica. Foi um caso de amor à primeira visita!

Já do avião, se avista como é organizada. Tudo porque há 150 anos atrás um senhor foi visionário e existia riqueza gerada pelas colónias e pela Revolução Industrial. Assim, após se concluir que a Barcelona gótica estava a tornar-se pequena demais, eis que as muralhas da cidade velha foram demolidas e começaram a executar os planos de Ildefons Cerdà, criando-se um sistema de ruas perpendiculares e paralelas ao mar. Resultado? Impossível perder-me lá. Com o mapa e com alguma atenção, fomos a todo o lado, sem crises.

Transportes rodoviários? Se morasse e trabalhasse numa cidade assim, não comprava carro, podem crer! Ou então deixava-o para viagens to the country side. Os taxis são lindos- estive quase para fazer birra e bater o pé a ver se a Lu me deixava trazer uma réplica que se comprava no aeroporto- mas a única vez que andei num jurei que ia deixar de ser burra: 19€ do aeroporto até ao centro da cidade, quando o Aerobus, custa 3.60€ para o mesmo trajecto. Já sei... jumenta, caloira... foi na primeira visita... Para os caminhantes, é uma cidade óptima e para os ciclistas tb. É possível transportar biclas no metro quase todo o dia (excepto horas de ponta, claro está). As ruas estão pejadas de scooters estacionadas e os seus donos vão desde os estudantes até a executivos. Barcelona é uma cidade que não dorme, o transito é uma constante- que o diga eu, que mal preguei o olho por tudo o resto e pelo barulho do transito que me entrava pela janela do quarto do hotel a qualquer hora da noite e da madrugada.

Pessoas? Muitas!!! Las Ramblas e Passeig de Gràcia estão pejados de gente a qualquer hora do dia! Bonitas, fashion, cosmopolitas. Nacionalidades? Muitas! Entre turistas e imigrantes não deve haver nacionalidade há face da Terra que não esteja representada em BCN. O rapaz da loja do Kukuxumusu, ao ouvir-nos a espremer um castelhano manhoso perguntou: Portuguesas? Pois. Ele também! Residente lá há 5 anos já falava também um português com sabor a Crema Catalana. A rapariga do cibercafé onde fiz o post? Brasileira. BCN é a cidade onde uma velhota pode pintar o cabelo de cor de laranja ou rosa choque que não tem de ouvir vozes da reacção de como deve levar uma vida de decoro. Desconfio que se eu saísse à rua com as cuecas vestidas por cima das calças, ninguém ia olhar para mim e (mais importante que tudo) andar de mão dada, abraçada ou mesmo trocar alguns beijos tímidos na rua com a Lu não é motivo de alarido.

Tenho contudo uma queixa... como é que “ Quiero un pan integral con mantequilla” dito no meu melhor castelhano se pode converter aos ouvidos de uma empregada catalã em um “pan integral de jamón”??? Arre! O que vale é que depois de eu ver aquela mega baguete de presunto já não consegui resistir e quero lá saber da manteiga. Ah,... e o famoso pa amb tomáquete (pão com tomate esfregado e com um fio de azeite) não é apenas uma entrada. Todas as sandes que comi lá: chourição, presunto etc, têm tomate e azeite. Bem gostoso!

Os restaurante são bonitos e caros, mas consegue-se dar a volta: comer ao almoço na Pans e à noite tapas não faz mal a ninguém ;). As lojas especialistas em bonboneria prolifera e pelas montras é de admirar como é que os habitantes não são todos obesos! Pelo contrário, a grande maioria é medianamente elegante, desde os mais novos aos mais velhos.

E apesar de, como uma amiga costuma dizer, Barcelona es buena sí la bolsa suena, também é uma cidade que se se quiser fazer turismo sem gastar dinheiro, é possível. Tudo se paga: monumentos, museus, Sagrada Família, Casa Batlò, La Pedrera. Mas está tudo muito bem conservado, sinal de que o dinheiro realmente está a ser utilizado na sua preservação. Contudo, a arquitectura urbana é tão rica, que dispensa esses gastos para as bolsas mais pequenas. O Parc Güell por exemplo, não se paga nada. Podemos admirar BCN que se estende aos nossos pés, sentadas no famoso banco ondulante repleto de fragmentos de azulejos multicolores, ou dar um abracinho ao dragão da entrada do parque, deleitarmo-nos em admirar as casas, que mais parecem de um conto de fadas, que ladeiam a entrada do parque.

Precisava de uma vida inteira para conhecer Barcelona!!!

Nota: Prometo postar mais fotos mas agora o mauzão do Blogger não me deixa

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