2006/02/06

2ª Feira

Estou aqui gelada, tentando enfrentar os 5ºC do meu escritório, resmugando com um temporizador de ar condicionado que não funciona... sem conseguir pensar em mais nada que tu, eu, a nossa cama quentinha... Por esta altura o ambiente já está mais quentinho, mas não consigo aquecer os pés. Hoje devia ter feito gazeta contigo.

2006/02/03

Languidez dos gestos II

Desde muito cedo que havia algo de que gostava muito mais do que andar a cabriolar com amigos, ver televisão, ou qualquer outra actividade predilecta das crianças daquele tempo.

No meio de uma família com uma mãe que corria (corre ainda) literalmente *hoje quando me repreendem a passada larga, conto sempre como aos ¾ anos tinha de correr ao lado da minha mãe para lhe conseguir acompanhar o passo* para alimentar, vestir, arrumar uma casa de gente e um pai que acima de tudo é ponderado, minucioso e perfeccionista... estava eu. Capaz de levar a martelar o juízo da minha mãe com cantorias, lengalengas, imitações de instrumentos musicais... era contudo capaz de levar horas junto do meu pai em silencio absoluto, respondendo apenas a perguntas suas, fazendo apenas as perguntas fundamentais para me sentir esclarecida e cumprindo as suas ordens.

Eu era o que ele chamava de “o meu servente” e fazia com ele “mandadinhos”. Da carpintaria à electricidade o meu pai era um híbrido entre o Tim das “Obras em casa” (lembram-se da série?) e Filipa Vacondeus . Levávamos horas procurando no meio de centenas de parafusos velhos que guardava numa caixa o parafuso certo para apertar aquela dobradiça da janela. “Vê lá aí filha, olha tem de ter a cabeça assim, em cruz e tem de ter este comprimento ou maior. Se for maior cortamos com o alicate” A minha ferramenta predilecta era a torquês velhinha que nos meus primórdios chamava de português- era portanto fervorosa adepta do produto nacional.

Todas estas tarefas eram executadas com uma calma e ponderação inimaginável. E eu ficava hipnotizada, seguindo todos os seus gestos, raciocínios, tentativas. Era como se uma força invisível me imobilizasse a cabeça, segurando na nuca, provocando-me arrepios. Ficava assim num torpor prazenteiro.

Aprendi assim a apreciar estes gestos lentos nas mais variadas pessoas (desde o homem do talho e a forma certeira com maneja o cutelo, ao trabalho dos artesãos...) e tudo o que possa comportar este tipo de meticulosidade e meditação de gestos. Este prazer tem-me acompanhado toda a minha vida. Hoje é raro apanhar-me assim presa aos gestos de alguém, fruto do ritmo que levamos talvez. Mas quando consigo tal coisa é como se fosse criança outra vez a seguir os gestos do meu pai.

2006/02/02

Languidez dos gestos I

A propósito deste post, que provocou este comentário, as rodas perras do meu cérebro começaram a rodar e ranger. E por terem rodado pra xu-xu, divido o que era suposto ser um post, em dois posts.

Acho que ainda sou da geração em que o Lucky Luke tinha um cigarro pendurado nos lábios em vez da tão politicamente correcta palhinha (reparem que poderiam ter utilizado a opção do palito, e o final não seria tão feliz). Sou da geração em que o cowboy da Malboro ainda passarinhava por aí. Sou da geração de um não mais acabar de filmes de índios e cowboys fumadores às tardes de sábados e domingos, seguido da fiel reprodução de todo o enredo no meu quintal –eu, o meu cavalo e os meus amigos imaginários.

O acto de fumar ficou assim profundamente marcado em mim, como algo de profundamente cool; o mesmo que dizer do alto da maturidade dos meus 30 *aham* profundamente sexy. Todo o ritual envolvido no acto tem algo de electrizante.

Analisando o porquê, apercebo-me na verdade que pela mesma ordem de ideias que me levam a afirmar isto nesta cesta cabem também: assentar tijolos, esculpir um pedaço de madeira, caiar paredes, restaurar portas velhas, construir galinheiros, fazer um desenho, virar e revirar uma carica nas mãos enquanto se bebe uma cerveja e pensa-se na vida... e fiquemo-nos por aqui senão levava a noite toda nisto. O ritual encanta-me. A languidez dos gestos. A meditação. Em última instância, fumar é sexy porque naquele gesto há reflexão, mistério, introspecção.

Lá em casa ninguém fumava. Tive uma adolescência impoluta. As crises de identidade na universidade levaram-me a fumar. Não fumava publicamente, porque me envergonhava. Gostava de fumar às noites, nas longas noites de estudo na janela do 8º andar, enquanto fazia uma pausa, observava a noite e deixava-me invadir pelos meus pensamentos. Após de um ano, com vários interregnos, deixei de fumar. Não compensa de maneira nenhuma. Mas tenho que confessar que ainda é apelativo, especialmente em alturas de maior actividade cerebral em que preciso de arrumar as ideias.

E todas as vezes que cedo ao apelo, que agora é mais refinado que os Peter Stuyvesant Extra Light, juro que é a última vez. É que juro mesmo!

2006/02/01

À queda das paredes!

Passado sábado, o dia estava tão bonito e a correr tão bem, que decidi pegar na minha Lu e ir passeá-la a um sítio que sempre adorei, mas aonde já não ia há imenso tempo. Fomos passear a Faro, à cidade velha. Costumo ir lá ocasionalmente, mas apenas de passagem, nada a ver com as passeatas que lá dava durante a minha adolescência, na companhia da minha melhor amiga e munidas das nossas bicicletas e câmaras fotográficas, sempre prontas a registar um detalhe mais pitoresco. Passávamos horas por aquelas ruas, imaginando qual daquelas casas gostaríamos de restaurar para nossa morada.

Assim, lá fomos nós, eu e a Lu, eu conduzindo-a pelo meu percurso, Arco do Repouso em direcção à Galeria Trem, onde vimos uma exposição de pintura em três dimensões, e de seguida em direcção à Galeria Arco, que era a minha principal meta. A galeria Arco sempre foi a minha preferida. Mesmo em cima das muralhas, a namorar a ria formosa, é o melhor ponto da cidade de Faro para se ver um pôr-do-sol. E como era fim de tarde, era isso que eu queria mostrar à Lu: o meu pôr-do-sol favorito. Ao chegarmos lá deparamo-nos com o portão fechado e uma placa a indicar o horário de funcionamento do Museu dos Brinquedos. Museu dos Brinquedos??? Então que é feito da Galeria Arco? Rumamos então em direcção às Portas do Mar, para admirar o pôr-do-sol no cais. O mesmo pôr-do-sol que queria ver mas uns quanto metros mais acima.

Vim de lá a matutar, quanto tempo teria passado desde que eu não ia ali. Chegámos à conclusão de que a Lu nunca tinha ido ali comigo. E nesse momento apercebi-me que pelo menos há 8 anos que não vou à Galeria Arco. E porquê? Porquê falhei em mostrar à Lu aquele sítio tão especial para mim, sobre o qual eu dizia: se fosse rica queria que a minha casa fosse aqui, com esta varanda enorme sobre a Ria Formosa. A Lu mostrou-me sempre todos os locais especiais dela…

Vi-me assim no início do nosso namoro, e apercebi-me que fiz tudo para fugir da minha terra, dos meus lugares. Que tive medo que as gentes da minha terra percebessem no meu olhar que eu estava apaixonada por aquela mulher. Que desde então só quis estar onde não me conhecessem. Nunca tive vergonha da Lu, e creio que posso afirmar que após superar a fase terramoto que foi descobrir este sentimento lindo, mas que questionava toda a minha formação, nunca tive vergonha do sentimento. Mas sempre tive medo de ser apontada na rua. De que a minha família viesse a sofrer por isso. Do enxovalhanço público. Por isso namorar era em casa. Onde era seguro.

Hoje penso numa Teresa e numa Helena, que dão a cara como pouc@s se atrevem. E agradeço-lhes, porque o gesto delas é mais um passo na conquista dos nossos direitos e espero que a cruz não seja demasiado pesada para elas. E agradeço a tod@s que no anonimato da comunicação social, mas no seu dia a dia, tornam-nos visíveis, dão um exemplo positivo e que pela sua maneira de ser e de estar na vida destroem todos os argumentos homofóbicos que nos prendem dentro das nossas paredes. Boa Sorte a tod@s!

2006/01/31

Sono

Hoje só me apetece andar, andar, andar. Sempre com o olhar posto no chão a meus pés, fazendo um ângulo de 45º, para que não veja mais que o necessário para saber onde estou a pôr os pés. Estou cansada, com um torcicolo a formar-se (se alguém me encontrar e eu não virar a cara para cumprimentar, não é mania), cheia de sono. Tenho andado assim, olheiras fundas e esta noite que passou quase não dormi. Retiro o que disse, não queria andar. Talvez só o suficiente para chegar até ao colinho da Lu.

2006/01/30

Amizade é...



... um salsicha verde, feito por uma benfiquista *nina a rebolar no chão de tanto rir*

Resultado de um fim de tarde de galhofa de roda de balões e uma bomba. Para o que nos havia de dar. O mérito é da xoudona Neva e da minha babe (executora e supervisora, respectivamente), com Micas na bomba de ar.

2006/01/28

O melhor do sexo...


... são as roupas das donas espalhadas!

2006/01/27

Tradução livre

"Porque é que quando as lésbicas tem relações sexuais com um gajo, a única coisa que querem é roubar-lhe o esperma?" *

De que cor é o cavalo branco de Napoleão?

*frase retirada do L Word, proferida por um gajo que estava à beira de começar na tungalhunguice com duas lésbicas. Mais não conto para não ser desmancha-prazeres.

2006/01/24

Especialidade cá da casa

Tenho a informar que desenvolvemos uma nova especialidade cá em casa: O L Word tântrico. Esta prática requer muito auto-controlo e persistência, mas assegura 26 dias de infindável prazer.

Quizz sentimental

Você é uma cara-metade Surpreendente:
Você é uma verdadeira caixinha de surpresas. A sua cara-metade nunca sabe muito bem o que esperar de si – com tudo de bom e de mau que isso tem. A sua relação não tem rotina.




eu gosto mais é de receber surpresas!!! :D
*o que eles não dizem é que se eu não fosse surpreendente, já tinha as malinhas à porta. Tenho que manter a miúda curiosa. Deixa cá ver o que ela vai aprontar a seguir*

Quizz musical

Você é “Forever Young” dos Alphaville (1982):

Você é aquilo a que se costuma chama uma pessoa fofucha. Sempre com um sorriso e um potencial apertão de bochechas para quem o rodeia, mantém ainda uma cândida doçura infantil. Porém, tem igualmente um lado negro obscuro. E que nem sempre é de confiança…




Aqui que ninguém nos ouve, tenho uma relação de amor/ódio com os anos 80. E detesto os Alphaville, bleck.

2006/01/20

Como diz a Mar...

O prometido é de vidro [adorei esta frase ;) ] e pronto! Assim mancho o meu imaculado blog com a primeira foto de gajas!

Babe, prometo que vou arranjar um igual a este. E não me troques pelas gajas da força aérea! Tu ainda não viste o meu treino de combate! Eu faço os loopings todos que tu quiseres!
Mas não me troques pelas gajas da força aérea!

2006/01/19

Join the army

A minha babe foi hoje a Beja. À base militar. Diz que são só gajas! E que recebeu convite para se alistar. Acham que tenho algo a temer? Será que devo comprar uniforme? Ó céus! Que inquietação!

2006/01/18

8 anos e 7 meses

… Hoje faz 8 anos e 7 meses que a minha vida começou a fazer sentido. Antes era apenas um amorfo aglomerado de acontecimentos. Estava prestes a desistir de te encontrar. Pensava-me incapaz de encantar fosse quem fosse. Mas aí apareceste tu. E fizeste-me sentir especial pela primeira vez na minha vida.
A partir desse momento fomos construindo pouco a pouco esta nossa vida a duas que eu gosto tanto. Tenho tanto orgulho das nossas conquistas! De como falamos quando algo não está bem. De como resolvemos os nossos problemas, mesmo quando o que mais dá vontade é fincar pé porque afinal “Eu é que tenho razão!” De como para nós a cama é sagrada. De como não nos deitamos nela zangadas uma com a outra.
És e serás o meu melhor lado. És e serás quem me faz evoluir enquanto ser humano. És e serás o meu Amor.
Quero continuar a conquistar etapas contigo. Continuas a me encantar. Parabéns Amor!

2006/01/16

Let’s get physical

Ganhei no natal a tão desejada PS2! Foi-me oferecida por uma miúda linda, que tenho a sorte de conhecer do ponto de vista bíblico ;) Assim que agora, a malta anda muito fit cá por casa, todas entusiasmadas com o Eye Toy Kinetic. Neste preciso momento tenho uma miúda aos saltos na sala e estou aqui na dúvida se hei-de ir sentar-me a apreciar, ou se hei-de ir fazer o jantar. É melhor escolher a 2ª opção... É que ela está a ficar tão em forma que daqui a pouco fico em desvantagem e não consigo ter fôlego para fugir dela...

Bring the band!

Hoje é dia de homenagens e agradecimentos. Graças a estas meninas, hoje posso dizer que sou uma mulher feliz, porque finalmente já vejo o L Word. Obrigada!!! Ao contrário do que seria de imaginar, vou fazer durar e só verei no máximo um episódio por dia. Porque as coisas que demoram mais tempo são as que sabem melhor, ora! Ah, e btw, até agora a minha preferida é a Mariana! Woof!

Sobre aurículos e ventrículos

Após um post muito querido e uma conversa no msn com uma menina muito especial, decidi-me a fazer este post, há muito planeado.

O coração é um órgão impressionante. Pensava eu que a taxa de ocupação do coração desta rapariga algarvia, já estava no seu máximo. Longe disso, apesar de ter um Amor que ocupa 100% do espaço, dos amigos antigos que cá estão, que já estão agarrados às paredes e que não saem de dentro dele, chegaram da forma menos ortodoxa novos ocupantes.

Sara, Rita, Neva: o meu coração tem novos aurículos, novos ventrículos. O sangue circula mais purificado. Vocês fazem-me bem. Cada uma à sua maneira, e de maneiras diferentes, mas têm sido fundamentais para a minha sanidade mental e mais importante ainda, emocional.
Quero-vos muito bem. Vocês são o meu bom colesterol.

*Sinto-me em curva de crescimento exponencial de amigos, sinto que não tenho tido tempo para os cultivar, mas eu sei que andam por aí… e vou descobrir-vos*
Ok. Já é tempo, não é? De parar de lamber as feridas. Parar de olhar para o precipício e começar a olhar mais para a ponte. A tod@s que me têm aturado, obrigad@.

2006/01/10

Mar da noite, mas porquê???

Tenho andado com falta de vontade de postar. Not time, not ideas: WILL. Pouco ânimo, melancolia, alguma inquietação, tudo coisas bota abaixo. De maneira que as noites são passadas em sonhos atribulados, aka pesadelos. Assim, o de hoje à noite foi rebuscadíssimo! O apocalipse tinha chegado, eu e a lu mais uns quantos figurantes (sim, os meus sonhos têm figurantes), conseguimos sobreviver. Porém vagueávamos pela escuridão, no meio de escombros, tínhamos que racionar os alimentos e mais importante que tudo… água. Ao ponto que, dei a ideia de raparmos todos o cabelo para não gastar tanta água a lavá-lo.
Já acordada, foi difícil de sacudir o efeito do pesadelo de cima de mim. A Lu ainda me deu miminhos antes de sairmos para o trabalho, mas o que fazia falta mesmo era uma sessão full time de beijos e cafunés. Mais tarde, ajudou o pagode com uma amigalhaça via msn. Agora estou melhor e decidi aparecer para dizer que estou viva.

2005/12/30

2006


Ano Novo, vida nova? Naaaah... Eu quero é esta vida, nossa! Quem me garante que estarias na vida nova? Eu quero é o aqui e agora, e que se prolongue. Quero melhoras, claro, mas não quero voltas de 180º. Podia perder-te nas voltas da trigonometria, onde se passa de um triângulo rectângulo para outro. E já sabes que a hipotenusa é lixada, nunca está satisfeita com a soma dos quadrados dos catetos.

Quero a rotina diferente que temos, com pinceladas de muitas cores. Quero as tuas eternas listas. Quero-te a ti. Quero o que o futuro me quiser dar e espero que o futuro me dê o que eu preciso, mais ainda do que o que quero.

As 12 passas vou comê-las de uma só vez, pois os meus desejos resumem-se num. Tudo começa e termina em ti Meu Amor.

Aos restantes visitantes, cada um colha as suas passas e trate de pedir os seus desejos! A caixa de comentários do Oxalá torna-se a partir de agora em poço de desejos. Atirem as vossas moedas! Feliz Ano Novo! Entradas em 2006 cheias de passas, brindes, beijos… não necessariamente nesta ordem.