2010/12/25

FELIZ NATAL




O Pai Natal já passou cá por casa, a árvore já tem os presentinhos. A ratinha está a dormir descansada. Amanhã ao acordar é que vão ser elas!


Feliz Natal a tod@s! Cheio de Luz e doçura no coração!

2010/12/22

COLAGE: Family Time



Sinto falta de haver uma organização, ou uma ramificação de uma organização, associação, whatever, dedicada à homoparentalidade e mais importante que tudo, aos filhos de LGBT, aqui em Portugal. Esta peça sobre a COLAGE está excelente.

Birra

A semana passada foi difícil. Não só pelo regresso ao trabalho após uma semana e meia de férias, mas também porque a Maria teve birras diárias, de uma violência que nunca tinha visto antes. Ela sempre fez birras, mas não como estas. Agora já está bem, continuamos sem saber o que foi, mas pensamos que poderá ter a ver com a mudança de idade, o aproximar dos 3 anos e o facto de durante uma semana ter saído do seu ambiente, visto pessoas que apenas vê 1-2 vezes por ano, demasiadas atenções focadas nela... Talvez só se permitiu extravasar essa sub carga quando regressou a casa, ao porto seguro. Não sei.

O bicho mau já se foi embora e agora está tudo como antes, como nada se tivesse passado. Mas estou atenta.

2010/12/17

triste e cansada. e preocupada. é só isso.

2010/12/13

Agora que penso nisso...

... também a mim me apetece fazer birra.

Regressar

Cada vez faz menos sentido, cada vez tenho menos vontade. E a ainda não começou nada. Apenas me sentei aqui.

2010/12/01

Limonada

Somos afortunadas. Lá em casa o Natal é com os Amigos. Alguns almoçam logo connosco, uma delas até com a mãe, que é viúva. Outra das amigas desde que saímos de casa para viver juntas anunciou à família: o dia 25 é para passar com a Nina e a Lu, que elas precisam de nós. Os outros que têm compromissos familiares vão ter connosco assim que possível. Deste modo, ao fim da tarde do dia de Natal, temos a casa e coração cheios.

A família há muito deixou de ser nossa prioridade. Pena, não é? Mas se nós não somos prioridade para a família no resto do ano… deixa de ser Família, não será? Com pena e dor, mas é assim.

2010/11/29

Tão fartinha de trabalhar num aquário.

O melhor do fim de semana

foi acordar domingo de manhã com a Maria a dizer para me despachar para ir ao pic nic. Chegar à sala estremunhada e ver uma toalha posta no chão, a Lu e a Maria todas sorridentes, pão, ovos mexidos com chouriça e café. Teve muitas coisas boas, mas esta... foi a melhor de todas.

PS1- O pic nic foi pedido pela Maria. Onde ela vai buscar estas coisas, não sei.
PS2- A [minha] vida é uma montanha russa de emoções. Há que aproveitar as subidas para respirar fundo, porque a maior parte do tempo estou a desgoelar-me com as descidas e os loops.

Coisas que me enervam

Texto justificado. É isso. Que coisa mais aborrecida tudo alinhadinho num perfeito rectângulo. Perco logo a vontade.

2010/11/26

A propósito do passatempo do Pictionary que está a decorrer na Rádio Comercial, vim para o trabalho a recordar as jogatanas que fazíamos. Devo dizer que rapidamente nos cansámos de jogá-lo da forma tradicional. Já sabíamos aquilo de trás para a frente e assim fizemos o que tinha que ser feito. Não, não foi comprar um novo set de cartas. Em vez de desenhar as palavras, passamos a fazer mímica. Dado que o jogo não foi concebido para fazer mímica, havia palavras que eram um verdadeiro desafio. Aquilo é que era empenho. Os nossos jogos quase sempre envolviam: altos decibéis, algum tipo de lesão ou ainda briga entre amigos.

Lembro-me que uma vez que a mímica para... já não que recordo que palavra, acabou comigo a atirar-me para trás, direita que nem um fuso, confiando no sofá que estava atrás de mim. Tudo estaria bem se não fosse ter apanhado o BRAÇO do sofá. Felizmente não foi necessário chamar os paramédicos. Outra vez (é possível que tivesse sido no mesmo dia, pois estávamos ao rubro), um dos meus amigos ficou amuado porque lhe demos abuso por não ter adivinhado a palavra "iogurte". É que a mímica estava tão bem feita. Tudo estaria bem se não fosse a véspera de anos dele, se não estivéssemos nuns bungalows em Vila Nova de Milfontes e se ele não tivesse amuado tanto que passou o dia sozinho no quarto dele, enquanto fazíamos bolo e lasanha para a festa. Festa essa que só muito lá para o fim é que contou com a participação do aniversariante.

Acho que para retomar o hábito do jogo teríamos que colar caixas de ovos nas paredes da sala para insonorizar. Nada que não possa ser feito portanto.

Anos mais tarde surgiram os Pictionarys que permitem fazer mímica, mas confessemos... qual é a piada de jogar pelas regras?

2010/11/22

Perfeição

Há qualquer coisa na minha casa que é perfeito. Não é grande, nem tem duas casas de banho, não tem elevador, nem tem o terraço que gostaria de ter. O armários já começam a acusar o passar dos anos, o acumular de coisas que não consigo jogar fora. Mas é perfeita, o Outono nela é qualquer coisa de fantástico, e tem o que de melhor eu tenho na vida: a Lu a tricotar uma manta para o bebé da S, a Maria a dormir um sono tranquila na sua cama, os gatos enroscados na manta que temos sobre as nossas pernas. Uma sopa caseira, um pijama quentinho. Algo fumegante a sair do forno. O melhor da minha casa, somos nós.

2010/11/19

Em contagem decrescente...

... para ter cada centímetro quadrado do meu corpo massajado. Bem... todos não... mas a noite ainda é uma criança. ;)

PS- Bendito livro que perdi!!!

2010/11/16

Ao estilo Facebook:

Nina
Em que estás a pensar?

Nina
em como sou boa a ignorar dicas. Devia fazer disso profissão.

2010/11/12

I'm going nuts!

I would kill for one of these:

2010/11/10

Eis senão quando...

... chega a minha altura favorita da semana: vieram limpar as janelas. Podia ficar horas a ver isto. yeah, I'm a weird person.

No F*cking patience

Sem paciência para A CORJA. Hoje é daqueles dias em o isolamento era essencial. Não sei como há quem tenha estômago. Serei eu apenas? Que são desprezíveis disso não há dúvida, mas regra geral todos escondem-se sob uma grossa camada de cinismo. A irascível sou eu.

corja
s. f.
1. Bando de pessoas desprezíveis.
2. Fig. Canalha, ralé.
3. Ant. Vintena de objectos! idênticos.
in Priberam

2010/11/08


Esta noite o Cappuccino miou. Juro que não sei porquê!

Resultado de um FDS de cozinha

Et voilá! Red Velvet Cake

2010/11/07


A Lu fez uma cama nova para o gatinho Capuccino. Esta noite ele não miou nem raspou na porta de madrugada nem fez asneiras durante a noite. Quando acordámos, ainda estava deitado na caminha nova. Gato satisfeito= boa noite de sono.

Ai ai...


A Maria estava a ralhar com um dos bonecos dela. I mean, ralhar big time. A Lu intervém:

-Ó Maria, não te zangues assim com o bebé. Ele não se portou assim tão mal.
-Oia Lu, o bebé portou mal e zou zangar com ele sim!
-Pronto, está bem filha...
Odeio perder coisas. Afortunadamente é raro isso acontecer. Mas quando acontece, fico numa inquietação que não posso. Não encontro um livro que andava a ler "Confessions of the other mother" e não há maneira de o encontrar. Não me recordo de o ter levado para fora de casa, portanto tem que estar cá. Agora onde, este é o busílis! Hoje deu-me para revirar a casa de pernas para o ar e mesmo assim, nada de livro.

A boa notícia é que encontrei o voucher de massagens que perdi à ano e meio atrás. Melhor ainda é ver que na parte que indica a validade do mesmo, não está preenchida a data. Portanto, I'm going to get myself massaged!!! Yeahhhh baby!!!

2010/11/06


Acabadinha de fazer pudim de morango com a Maria. Na terça-feira passada fizemos
pizza com ela. Ia tanto queijo para a pizza como ia para a boca. A miúda vai ser a próxima Nigella Lawson!
Temos que convir que a miúda tem um toque gourmet. Não pode nos ver a provar os cozinhados que diz logo "qué 'var" e depois diz coisas como: "hummm, tá munto bom!" ou "Delicia!"
Uma das coisas que mais gosta de fazer connosco é subir para cima do banco da cozinha em frente à bancada, enquanto fazemos o jantar e vai fingindo ajudar (ou ajuda mesmo, quando a tarefa assim o permite). Quando era mais pequenina, não havia bróculo que após lavado não lhe passasse pela boca, antes de ir para a panela.
Recentemente fiz azeite aromatizado com alho, que serve para os mais diversos propósitos. Esta semana tostei um papo-seco antes de grelhar a carne e pincelei com esse azeite, uma pitada de sal e partilhei entre nós. Alho, um sabor muito forte, se calhar vai torcer o nariz... Qual quê!!! "É BOM, mãe".

2010/11/05

Post com meses de delay

No fundo, somos todos boas pessoas.
O truque está em ser bom à superfície.

Podem citar-me. É de minha autoria. Inspirada pela SuperBock de abertura fácil.

Faltou esta no casório

Aqui ou FB

Já recebi uma boca de uma certa senhora cujo nome não direi, que agora só quero saber de FB. É mentira, blasfémia. O FB é divertido, permite prazer imediato (ui, ui ui) porque o ppl todo está lá. No entanto, aqui continua a ser a minha casa. É aqui que me permito a dizer o que realmente me vai na gana. Vá... quando me apetece. Reconforta-me saber que quem lê o que aqui vai, é porque me procura, porque quer saber de mim, mais que não seja por mera curiosidade, e que não se limitou a tropeçar na minha actualização de status no feed de notícias.

Portanto, era isto. Está dito. Até loguinho.

Não há direito!

Está aqui uma gaja toda concentradinha em ser ovelha e vem de lá este marmelo incitar uma rebelião??? Fonix.

2010/10/25

Memória de peixinho de aquário

Durante o fim-de-semana e noites da semana em casa, com a minha Lu e a Maria a cirandar por ali, balbuciando as suas eternas conversas, dou comigo a pensar que afinal o trabalho não é assim tão mau, que "it's all about bringing home the bacon", que isto é que é ser crescida, que eu tenho a mania da independência mas que se calhar isto é qualquer coisa mal resolvida minha, que afinal não sou mais que qualquer outra pessoa e que há que trabalhar, aturar as merdas e no fim do dia voltar para casa, para os meus amores, para a vida que gosto, para a casa que gosto.

2ª feira regresso com a resignação positiva (se é que isso existe) do vamos lá kick ass. E depois... depois começam os telefonemas do patrão. A prepotência, as ameaças veladas (não direccionadas a mim, ele já não se atreve, dirige-as a outros mas de uma forma que se eu quiser enfiar a carapuça, ela também me serve), o "you MUST" para todos os impossíveis que lhe apetece, a eterna sensação que sendo uma pessoa que faz acontecer o impossível, nunca será o suficiente, o trabalho nunca ficará bem feito e quando fica, é como um boomerang bem atirado, ao qual voltei as costas após o lançamento e no seu regresso atinge-me em plena nuca. Viver com uma ansiedade permanente, sem ter a sensação de missão cumprida. Diz-me a minha Rute para encarar as coisas de outra forma "pense que conseguiu e regozije-se por isso!" Posso ser turra e resistente a este pensamento positivo, mas não consigo... estou sempre na retranca. Tenho vindo a ficar dormente, algo indiferente, apenas reajo sob pressão, os sonhos vão pelo cano, já não sei sequer o que quero fazer, tenho falta de perspectivas, deixei de acreditar que aqui mude alguma coisa e o pior é que à conta da crise que se sente, deixei de acreditar nos meus sonhos.

E no final do dia, eu é que sou o bacon, estou a ser fatiada devagarinho, mas regresso a casa e esqueço tudo, jantar para fazer, histórias da Maria, amor da Lu, gatos, casa confortável, carro novo em perspectiva... e bacon com ovos é muito bom.

2010/10/18

"Breve" as in

"still this year" I meant.

À laia de explicação: eu funciono como uma impressora. Quando há erro com a impressão de um documento, todos os outros ficam em lista de espera até o erro se resolver. Traduzindo: na impossibilidade de escrever (verbalizar) um determinado post, todos os outros que me surgiram ficaram em stand by. No entanto ao contrário de uma impressora, não tenho memória, como tal perderam-se no éter que existe no meu cérebro, ou deixaram de fazer sentido.

2010/10/16

aNa & Maria

Se vocês quiserem aceitar o Ben em vossa casa, gostávamos muito de vos dedicar esta música, que era para ser nossa. O amigo Ben era para ter aparecido e cantado esta música como marcha nupcial, mas sabe-se lá porquê, o magano não pareceu. (As desculpas que eu arranjo para não ter organizado a playlist como deve de ser. Maria lembras-te da afeleação que foi? No final, a música estava lá, mas gravada com outro nome... christ...)
Queremos que seja vossa. :)



When She Believes - Ben Harper

Well the good Lord
Is such a good Lord
With such a good mother too
They have blessed me
They have blessed me
In the good graces of you

Now I, I have heard
a hundred violins cryin'
And I, I have seen
a hundred white doves flyin'

But nothing is as beautiful
As when she belives
When she believes
When she believes
When she believes
When she believes
When she believes in me
Woah, in me

How good it must feel
To be so young
Young and free
And the song that pleases a queen
Will always please me

Now I, I have learnt
the wisest of wisdom
And I, I have dined
in palaces and kingdoms

But nothing is as beautiful
as when she believes
When she believes
When she believes
When she believes
When she believes
When she believes in, oh in me

Now all of life
Is just passing the time
Until once again
Your eyes look into mine

Now I, I have been
Adored by a stranger
And I, I have heard
the whispering angel

But nothing is as beautiful
As when she believes
When she believes
When she believes
When she believes
When she believes
When she believes in me

2010/08/24

Rosa Pitanga com Final Feliz




Podia este ser o tema do meu casamento e lua de mel. Mas não. São mesmo os nomes dos meus vernizes de unhas.

Foi um dos melhores dias da minha vida. Custa-me encontrar palavras para descrever o que senti. Custa-me explicar porque foi/é tão importante casar-me. Não altera nada mesmo? Reconhecimento público. Tivemos 74 convidados aproximadamente. Familiares da Lu, (poucos) familiares meus, amigos de ambas, colegas de ambas. Todos que nunca pensei ser possível reunir para testemunhar o nosso amor, brindar a ele... estiveram lá. Tudo fluiu com descontração, naturalidade, harmonia. Ouvi aplausos, assobios, um estoiro de felicidade nos momentos altos. Senti uma vibração única, inimaginável naquele espaço fantástico e emocionei-me. Chorei em muitos abraços, alguns que julgava perdidos.


É escusado... não consigo articular nada mais agora... Foi um mundo de emoções do qual ainda não me recompus. Só agora tive tempo para parar, em plena lua de mel (uma surpresa maravilhosa da minha madrinha Maria Carolina). Mas por isso mesmo, porque após tanto trabalho e azáfama é tempo de parar e por manifesta capacidade de me exprimir, deixo mais detalhes para breve. Até lá, deixo-vos Rosa Pitanga e Final Feliz. :)

2010/08/12

Confesso...

... os nervos são tantos que nem tenho tido coragem de escrever sobre o casamento. Como já referi, os detalhes deixo-os para depois do casamento para não estragar a surpresa a ninguém. Afinal a festa é para nós, mas também é para os nossos convidados.

Assim, os trabalhos manuais têm sido muitos, neurónios queimados a pensar e organizar tudo. Relembrei o prazer de escrever à máquina o que deu para pensar que aquilo é que deveriam ser tendinites como deve de ser. E a falta que a tecla delete faz??? Lá se vai a nostalgia. Não... brincadeira minha. Ter uma máquina de escrever à minha frente desperta a escritor profunda que há em mim, tão profunda, tão profunda que de funda que está, não consegue vir à tona. Assim se adia um best-seller raios!

Entre comprar umas noivas para o bolo, muito fofinhas, que custavam apenas 28€ e encomendar umas noivas personalizadas que custavam cerca de 125€ escolhemos fazermos nós próprias as noivas. Assim, as noivas somos noiz, certo?

O primeiro conjunto ficou muito giro, tínhamos todas pés à pato e estávamos todas inclinadas para um lado como se nos tivesse acertado uma nortada valente. E para isto foi uma noitada desde as 22h até às 04:30h da matina, com ajuda de uma ~Branca de Neve. :P Ah, durante a semana de trabalho. O dia seguinte foi... digamos... interessante. Incrível como as pessoas conseguem perceber o que tu queres dizer mesmo se tu não concluíres as frases!

Pensámos sobre os erros cometidos e decidimos, uma vez que ainda tínhamos Fimo, que conseguiríamos fazer mais um conjunto e corrigir as técnicas erradas. Assim, fizemos mais um conjunto. Este ficou muito melhor! Está muito giro mesmo. Eu e a minha noiva afro. Sim, a Lu
é mais morena que eu, mas convenhamos que depois de ir ao forno cozer, tem um bronze mais para o "Mulata d'Angola" que para o "Ilha de Tavira Agosto 2010". Das duas umas, ou lhe amarro um chocalho na canela como na música do Chico Buarque, ou a cachopa tem 1 semana e meia para torrar à séria.


Basicamente, o que me amola o juízo é faltar tão pouco tempo para a data e ter medo de não conseguir tratar de tudo o que preciso até lá. Como já disse... noiva sofre!!!

2010/08/02

Ser noiva é dose...

Há dias bons, há dias assim-assim... hoje é dia de nervos à flor da pele.

Isto de ser noiva, não é fácil não.

Requer muitas habilidades manuais, tempo, paciência, ficar a dever horas à cama, etc...

Agora com licença, já desabafei, vou ali fazer uns exercícios respiratórios.

2010/07/30

Sinto-me um pouco orfã com certas mortes. Não me são nada, mas fazem parte da minha memória e é triste vê-los partir. Desta vez foi a vez do António Feio. Vai fazer paródia com os anjinhos na certa. Fica-nos a sua obra para recordar e sorrir, gargalhar mesmo. Ganda Toni.

2010/07/29

2010/07/23

Nunca uma loja do cidadão foi tão divertida

- Então... qual das duas é a primeira nubente?
- AHAHAHAHAH (eu, a Lu, e a senhora do registo).

2010/07/21

Não há doce que sempre dure, nem amargura que nunca se acabe

Hoje é Dia Mundial do Toma Lá Qu'É P'ra Aprenderes.

2010/07/19

Se remover todo o ruído que me rodeia, resta-me ela... pele morena em lençois brancos e um anjo a dormir no quarto ao lado. E sou feliz.
O apoio, amor e generosidade das pessoas é algo que me comove. Fico sem jeito, não saem palavras decentemente, quiçá até posso parecer algo bruta nos agradecimentos. Fui pouco habituada a ouvir elogios e quando os tenho... ressalta a velha incapacidade de os aceitar.

Depois, em casa, vem o "devia ter disto isto, devia ter dito aquilo, não devia ter dito aquilo..." Parece-me que as palavras não me saem justamente ao pé daqueles que me são mais importantes, e que por muito que diga, não é suficiente.

Desta vez despedi-me com muitas pedrinhas no coração. Ao menos ficaram os abraços.

Às pessoas a quem isto se destina (vocês sabem quem são), queria ter-vos dito mais e melhor. Porque vos quero muito.

2010/07/15



"esta noite abracei-me a ti. Achei-te tão fininha!"

Mais do que ficar de sorriso nos lábios por ela ainda me achar fininha (chamava-me "fininha de cuspe" quando começamos a namorar) é saber que me abraça, mesmo quando eu não estou a ver. Dá-me alento para o dia.

2010/07/14

- uma coisa boa de ser crescida é ter de fazer cada vez menos fretes;
- uma coisa má de ser crescida é ter de fazer alguns fretes;
- o bom de crescer é poder escolher melhor os fretes que tenho que fazer.
 
 

2010/07/13

Tão fartinha de ser funil, GOD.

2010/07/07

No Youtube e Google como na vida, para se encontrar algo é preciso saber procurar.
 
(vá, que isto hoje está com a profundidade de um charco)
Às vezes penso que eu devo ter caído de alguma bolsa espaço-tempo neste sitio. Talvez eu e a minha mãe tenhamos caído juntas dessa bolsa. Há a questão do cordão umbilical que não foi corto e como tal temos de ter caído ao mesmo tempo. Caímos num satélite desprovido de afecto e somos (fomos) como ET's. E nada mais interessa porque por um lado ela fugiu de volta para o planeta dela, e cordão umbilical tem propriedades elásticas com limite de ruptura a tender para o infinito. Por outro continuo claramente a não dominar a linguagem deste sitio e a minha televisão é a cores enquanto a deles é a preto e branco.
 
f.u.c.k.i.t.
 
Não fui feita para sentimentos de chocadeira.

2010/07/05

Hoje estou com um humor fdp, uma náusea constante e juro que me falta pouco para morder alguém. Isto devia constituir justificação suficiente para faltar ao trabalho e ficar em casa. É uma questão de segurança pública.

2010/06/24

Só vos digo...

... está a ser extremamente difícil trabalhar desde sexta-feira!!!
 
(quem me viu, e quem me vê)

2010/06/21

The birds and the bees

Chegadas a casa, eu e a Maria lemos 2 historinhas e depois sentamo-nos no sofá a ver desenhos animados (manecos). Na minha pose de relax sobressai a minha bocha, aka pança, pneu, barriga.
A Maria desvia a atenção da televisão, levanta-me a t-shirt e diz:
"mamã bebé baíga!"
"Não Maria, a mamã não tem bebé na barriga."
"Tem tem" diz com um ar muito seguro.
"Não tem nada!" e pronto a conversa ficou por ali.

Depois do jantar, estavamos já na fruta, diz ela:
"A Baía tem bebé baíga!"
"Não tem nada! O que a Maria tem na barriga é massinha e banana"
"Na nã, Baía bebé baíga. Dois! Bebés masha, nana na baíga. Baía papou bebé naaaaaaaande. Ashim, tchhhhh."

Há uma mamã da sala da escola dela que está grávida. A vizinha de baixo está grávida. A criança questiona os porquês da vida. O resultado está à vista.

2010/06/18

18 de Junho de 2010

No dia em que fazemos 13 anos juntas, encontramo-nos sentadas na sala de espera da Loja do Cidadão. As pernas tremem, o coração migrou para outro sitio, mais perto da boca talvez e lutamos para manter o pequeno-almoço nos nossos estômagos. Enquanto esperamos que chamem pela nossa senha, pensamos quando foi a última vez que sentimos aquele frio no estômago, aquela eminencia de vómito (sensação tão romântica). Quando a Lu foi chamada ao Tribunal de Menores para averiguação da paternidade, quando naquela manhã cedo fomos para o hospital para o nascimento da Maria, cada vez que íamos a BCN para mais uma consulta, mais uma tentativa.
Um bip anuncia que chegou a nossa vez e eu juro que de repente as minhas pernas pesaram chumbo.
Sentámo-nos em frente à senhora do registo. Está carrancuda, o último utente não saiu de lá muito satisfeito.
"Ai ai
", penso eu.
"Gostariamos de marcar a data do nosso casamento." diz a Lu.
Nada. Nem um pestanejo.
"Espere lá, eu conheço-a! "Diz a senhora.
"Ai ai", penso eu.
"Fui eu que registei a sua menina" e abre um sorriso enquanto fica toda corada.
Rimo-nos todas "Que giro!".
"Já deve estar grande! Tem que idade agora?"
"2 anos"
E pronto, a partir daí foi sacar dos cartões do cidadão, ela tem que pedir a activação informática do nosso cartão, seja lá o que for que isso significa.
"Então e já têm dia e local?
"
"Sim, gostaríamos ver se é possível marcar para dia 21 de Agosto e temos um local em vista, falta ainda confirmar."
"Ora deixe cá ver na agenda... já devo ter qualquer coisa para o dia 21 de Agosto... flip flip flip, olhe, não! Ainda está todo livre! Querem a que horas?"
"Se for possível, gostaríamos por volta das 16h"
"Pronto, marcado (escreve na agenda) ... casamento da Lu e Nina... dêem-me os vossos números de telefone, aqui está o meu. Quando tiverem a certeza do local dêem-me um toque para formalizarmos tudo."

Saímos de lá com o sorriso mais estúpido do mundo, aquele que muitas vezes esqueço que tenho.

"Vês Nina, vês como somos sortudas?"
"Nunca tive sorte até te ter na minha vida."

Já só pensamos em convidados, vestidos, ementas, decoração, mesas, cadeiras, quintas e toda a parafernália. Felizes, meu Deus, como nunca pensei que um casamento me fosse fazer. No fundo tinha uma gaja que ansiava casar dentro de mim, e pelos vistos não sabia.


VAMOS CASAR!

PS- Amig@s que nos lêem. Muitos ainda não foram convidad@s, pois ainda estão muito detalhes por apurar. Assim que nos for possível iremos contactá-l@s já com todas as informações.

2010/06/01

We are family - Blogging for LGBT Families



É curioso parar hoje para pensar no nosso percurso. Em 1997, pensávamos que esta relação não teria futuro, tínhamos sobretudo muito medo deste "novo mundo desconhecido" e (particularmente eu) debruçavamo-nos sobre todas as dificuldades que teríamos que enfrentar enquanto lésbicas. Lembro-me que uma das minhas principais preocupações residia em saber que a Lu sempre quis ser mãe, e que a nossa relação impossibilitava a concretização desse sonho (pensava eu). Lembro-me de dizer-lhe que não era justo que ela tivesse que abdicar dele.

Começámos a viver a nossa relação dia-a-dia, passo-a-passo a construir o nosso futuro, a nossa própria definição de "nós". A dado momento tornou-se óbvio que "nós" era algo para ficar. E então "nós" comprámos casa, "nós" adoptamos 3 gatos.

Em 2005, "nós", após 8 anos de muito pensar sobre o assunto, decidimos que não tínhamos que abdicar de nenhum sonho, e assim na impossibilidade de o concretizar em Portugal, encaminhámo-nos para Espanha para tentarmos engravidar (isto é giro de dizer - pobre Lu, ela é que teve as cãibras, as pernas pesadas, a enoooooorme barriga e eu aplico o plural!). De 2005 a 2007 foi um longo processo de injecções hormonais, exames, viagens a Barcelona, uma gravidez à primeira, um aborto e mais tentativas, sempre "mais uma vez", "mais uma vez" até em 2007 finalmente, quando o desespero era mais que muito, a Lu ficou grávida. Sustemos a respiração durante 5 meses, temendo que algo voltasse a acontecer até que todas as análises confirmaram que a bebé estava bem.

Assim, a 29 de Janeiro de 2008, nasceu a nossa mais-que-tudo Maria Carolina. Levei tanto tempo a imaginar como seria ter uma pequena criatura a correr pela casa fora, a puxar-me as calças enquanto eu cozinhava e agora quando paro para pensar, não consigo imaginar as nossas vidas sem ela.

Hoje, dia 1 de Julho, é o Blogging for LGBT Families Day. É também o Dia da Criança em Portugal (O Dia Mundial da Criança, oficialmente, é 20 de novembro, data que a ONU reconhece como Dia Universal das Crianças por ser a data em que foi aprovada a Declaração dos Direitos da Criança, Wikipedia). Ontem, alcançamos o direito a casarmos em Portugal, pois a Lei 09/2010 foi publicada. É muita efeméride junta!


A grande questão do momento é: que raio vou eu vestir no casamento???

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It´s funny to stop and thing about our path, today of all days. Back in 1997, we thought this relation had no future, we were very scared about this "new and unknown world" and - specially me- gave a lot of thought about all the difficulties we would have to face, as lesbians. I recall that one of my main concerns lies on knowing that Lu always wanted to be a mother, and that our relation made that dream impossible to come true (so I thought back then). I told her day after day that it was unfair that she had to give up that dream.

So we started to live our relation on daily base, step-by-step, building our future, our own definition of "we". At some point, it was obvious that "we" was something to stay. And so, "we" bought a home, "we" adopted 3 cats.

In 2005 "we" - after given a lot of thought about it- decided that we didn't had to give up any dream, so facing the impossibility of achieving it in Portugal, we ahead up to Spain to try to get ourselves pregnant through Anonymous Donor Insemination (its funny to say "ourselves" - pour Lu, she was the one with cramps, heavy legs and a huge, huuuuuge belly). From 2005 to 2007 it was a long path of hormonal injections, exams, trips to Barcelona, and always "one more time", "one more time" till 2007, when finally, we were getting pretty desperate. Lu got pregnant. We hold our breaths for 5 months, fearing that something wrong would happen again, till that all tests confirmed that our baby was all right.

So, on the 29th of January 2008, our sugar-honey-bunny Maria Carolina was born. I had always tried to imagine how it would be, to have a little one, running up and down at home, and pulling my jeans while I was cooking, and suddenly I stop, and realize that now, I just can't imagine our lives without her.

Today, 1st June, it's Blogging for LGBT Families Day. It's also Children's Day, here in Portugal. And yesterday, the 31st May, we achieved the right to get married since the bill 09/2010 was published. In 5 days time we can start all the paperwork. This is a whole lot of events!!!


The big question now is: What the hell am I going to wear for my wedding???

2010/05/31

A maior parte do tempo, giro a minha vida como um jogo de basquetebol da escola secundária: agora tudo ao ataque - agora tudo à defesa. Não é a melhor táctica, provavelmente.
 
(giro de gerir, e giro de girar, que isto é cá um rodopio...)

Reflexo de Pavlov(a)



Sem tempo, nenhum mesmo. Com um cansaço enorme em cima. A dever umas horas ao sono. Acordar com os olhos vermelhos como os do Coelhinho da Duracel.




Mas a vida tem que ter doce também. E sempre se arranja 40 min para fazer isto (pela primeira vez) no fim de uma sexta-feira atribulada. Uma das melhores terapias que estou a encontrar é a cozinha, sempre que não é por obrigação. E segundo me dizem, o primeiro merengue nunca se esquece. Este foi o primeiro verdadeiro merengue (tartes merengadas não contam). Indescritível, modéstia à parte!





PS- o problema de experimentar coisas novas doces, é depois ter que as comer todas. Sim, isso consegue ser um problema ;)




2010/05/18

Agora a sério...

Após o SIM do presidente da republica (com letra pequena, que ele há gente que não merece maiúsculas), agora é só esperar publicação da lei em Diário da República e começar a corrida ao casamento. Espero que haja muitos sim's por aí e que este Verão seja repleto de alianças da cor do arco-íris.

E sim, hoje é o meu aniversário, faço uns redondos 35 anos, mas o juizo ainda não chegou cá. Deve ter sido enviado em correio normal e se calhar extraviou-se. O dia é de sol e embora se trabalhe, planeia-se uma tarde à beira mar, o que é sempre bom.

Reacções possiveis ao comunicado do PR III

Epá, tu és même um magane! Atã nã é que o marafade dum rai lembrô-se dos mê anos e nem esperô por hoj! Eh deb, obrigadinha cumpade, espere que o mê filhe seja um moce! Vais ver! Vou chamar-lhe Anibal e mande a foto e um morgade de figue para o palace onde tu moras com um pedide para seres o padrinhe. Este home é même um folião. Tu queres é ir ao casoire né? Vai treinande o corridinhe!

Reacções possiveis ao comunicado do PR II

Primo Ninibal, estranhei ver-te ontem tão mal encarado... tou preocupada contigo moss. Estás outra vez com prisão de ventre ou com ataques de azia? Sabes que isso é saudades do nosso Algarve, não é? O que tu precisas é de um figo seco acompanhado por umas amêndoas algarvias e um copito de aguardente de medronho. Vem daí brindar ao meu casamento pá!

Reacções possiveis ao comunicado do PR I



























Oh no, what have we done???


Ele falou, como profeta em clivagem... e nós não acreditámos... o resultado está à vista! Esta manhã abriu-se uma brecha de norte a sul de dividindo para o todo sempre Portugal.

2010/05/10

Olá, chamo-me Nina, tenho (quase) 35 anos e estou a ouvir a "Abelha Maia" no trabalho.
 
PS - tenho uma inércia que não me permite comentar ou postar nada mais elaborado que isto.

2010/04/30

I feel like crap

Tosse irritativa e irritantes há uma semana, dor de cabeça e de costas de tanto tossir e XARAAAAAAM, uma "exacerbação da asma" (mas os médicos de hoje em dia já não sabem fazer um diagnóstico como deve de ser???). Tarde de ontem passada em salas de espera, RX, aerossóis e ala para casa com um antibiótico. No meio disto tudo só queria: descansar um pouco, voltar a ter olfacto, voltar a ter apetit... espera... voltar a ter apetite não é preciso. Ok, para serem 3 coisas, posso acrescentar "que os broncospasmos contem como abdominais"? Posso? É que o Verão está aí e dava tanto jeito...

2010/04/28

Refrescante é...

ler estas palavras sem ser num blog lgbt.

Os pais... ai os pais...

Força, muita força é que te desejo. Poderá ser difícil. Poderá até não ser tão difícil como tu imaginas. Mas é necessário. Eu silenciei as palavras que precisava dizer, por achar que tudo estaria bem neste acordo "tu não dizes, eu não pergunto". Achei que estaria a ser altruista, por não lhes obrigar a essa conversa, logo esta familia tão pouco dada a falar sobre as coisas importantes. Fui também egoista, pois ao fazê-lo estava primordialmente a proteger-me do que poderia vir a ouvir. E fi-lo durante 10 anos. Afinal, ambas coabitámos com os meus pais, e após mudar para casa própria os convites para visita ou eventos familiares eram sempre extendidos à Lu, ao ponto de se terem tornado desnecessários porque seria óbvio que ela estaria presente. Para quê, falar? Certo?

Errado. Tu precisas, independentemente de ser custoso ou não, de o fazer. Porque agora pode ser difícil, mas os teus pais irão passar pelas fases normais do processo até chegar à aceitação. E quando chegar aí, será muito, muito bom. A melhor conquista que tu poderás alcançar, querida Orquídea. E a desconstrução dessa dúvida que persiste em ti, é necessária. Para tua sanidade. Eu soube que eles sabiam, 5 meses antes da minha mãe morrer. E foram os melhores 5 meses da minha vida. A minha mãe sabia, e por muito difícil que tivesse sido compreender e aceitar isso, ela amou-me o suficiente para aceitar (me). E o meu pai, lá com o seu jeito disse "já me chatei muito, agora não me quero chatear com mais nada na vida". E eu de repente tinha superpoderes. Tinha a meu lado a mulher que amo, que estava grávida da nossa tão esperada filha, e os meus pais aceitavam-me. Os meus medos e dar ouvidos aos meus irmãos que me diziam que não tinha o direito de fazer os meus pais passarem por isso, impediram-me de me sentir uma super mulher durante, não digo 10, mas 5 anos seguramente.

Portanto querida Orquídea, quando tiver que ser, será. Mas tem fé neles e em ti.

Multiplicação de pais

Para quem não viu, aqui fica a reportagem na integra. Excelente peça, devo dizer, a melhor que vi até ao momento. Um orgulho imenso naquelas pessoas!


2010/04/27

Mudança de e-mail

O e-mail da minha conta do blogger é do iol. E já há bastante tempo que ando com imensos problemas com a conta de e-mail do iol. Recebo spam com frequência, de todo o tipo e feitio, a um ritmo alucinante que me atafulha a caixa de entrada. É frequente eu perder e-mails, só dar conta passado meses, etc. Por esse motivo e porque é uma dor de cabeça o e-mail do iol, não o consulto com frequência. Demora uma eternidade a fazer uma coisa simples como abrir e-mail, mover para a caixa de spam, esvaziar lixeira e afins.



Há questão de dias, decidi criar uma nova conta de e-mail, da gmail, para poder articular melhor as comunicações do blog. Importei todos os e-mails da conta do iol para o gmail. Acabaram-se os problemas. Bem todos, todos não... o e-mail de login do blog continua a ser o do iol e acho que não consigo mudar isto. Portanto dentro de menos de 30 dias, todos os e-mails que forem enviados para o iol, não serão reencaminhados para o gmail.



Assim, aproveito para avisar a tod@s que o novo e-mail do Oxalá é: nina.oxala@gmail.com


"Multiplicação de Pais", Grande Reportagem

Nós começámos a sonhar quando vimos pela primeira vez o filme "Amor no Feminino", particularmente a história protagonizada pelas personagens da Ellen DeGeneres e da Sharon Stone, e pouco depois lemos um paper do Clube Safo, redigido pela Fabíola Neto Cardoso, que nos fez ver que não, não era ficção cientifica, que não era algo inatingível. A inseminação artificial caseira não foi a nossa opção, preferimos recorrer a uma clínica e a um dador anónimo, porém foi o exemplo da Fabíola que nos inspirou.

A ver, hoje, na sic, às 21:05h .

2010/04/26

UFA

30º C!!!
Hoje ao ler um blog, deu-me saudades. De mim. De mim, vá lá... há 6 anos atrás. Algo aconteceu. Perdi algo nestes anos. Inocência, doçura, crença nos outros, capacidade para me encantar. Tornei-me cínica, sarcástica, céptica, desencantada e... amarga. Sinto-me desiludida. Com o trabalho, com as pessoas, comigo. Sinto-me uma couraça, toda eu sou defesa, chalaças sarcásticas, pouca entrega. Diz-me uma senhora, que não, que isto tudo deriva de uma entrega excessiva e muitas expectativas goradas. Que exijo na mesma medida que dou. E que dou demasiada importância a isso. Tenho que fazer um reset às coisas más.

2010/04/23

A Maria, esta pulginha comilona, com a qual muitas vezes tenho que lutar para eu conseguir beber o meu leite, não come. Ontem não tomou o pequeno almoço, não almoçou no infantário, não lanchou, mal jantou em casa. Hoje conseguimos que tomasse um néctar de manga ao pequeno almoço. Não entrou nem massa, nem gelatina, nem iogurte. Tudo coisas que ela adora. Isto nela não é normal. A maior parte das vezes temos é que a travar, para não comer este mundo e o outro, pelo que quando ela está assim (e é a primeira vez), é para preocupar. Não tem febre mas a educadora diz que ela ontem esteve um bocado paradinha e pedia muita água (em casa nem uma coisa nem outra). Assim que hoje deixá-la no infantário custou-me. Estou preocupada e tenho as pernas bambas. Não gosto de doenças silenciosas.

2010/04/22

Já cá canta!!!



I don't care! Vamos vê-lo e pronto! Merecemos este presente!

2010/04/16

A.D.Q.N.S.A.N.O.

Associação Dos Que Não Seguram Auriculares Nas Orelhas

Eu- Olá, chamo-me Nina e não consigo aguentar os phones nas orelhas mais do que 30 segundos.

Assembleia: Hi Nina!

Este sofrimento é atroz, gente... atroz.

2010/04/15

L.E.R.

Comprei, no dia em que a Maria foi concebida, numa livraria LGBT em Barcelona, o livro Madres Lesbianas, uma tradução espanhola do For Lesbian Parents. Começei a lê-lo entusiasticamente, porém passado pouco tempo a vida tornou-se demasiado atribulada para conseguir ler e assimilar fosse o que fosse. Portanto recentemente fui rebuscá-lo à prateleira, e voltei a ler do inicio. Mesmo tendo mandado o farmville à fava, continuo a ter pouco tempo e energia para ler. Depois de deitar a Maria resta energia para arrumar a cozinha e desmaiar no sofá 1 hora a ver séries. Mas nem que sejam 2 miseras páginas por dia, vou retomar o hábito da leitura, catano!

Para quem se interessar, para além do link da livraria, deixo uma lista de livros sobre a temática, divulgado pela Colage.

2010/04/14

A Maria

A Maria fala pelos cotovelos. Troca os F's pelos X's e diz coisas como "xótos" (fotos) e "xalda" (fralda).
A Maria dá nomes giros às coisas. Chama "pipinho" ao rabinho.
A Maria já faz chichi no bacio quando a despimos para o banho, na escolinha faz na sanita já muitas vezes e ontem fez cocó pela primeira vez.
A Maria faz birras, vai para o castigo e quando pára o berreiro diz "xá tá, pupa mãe" e dá beijinho (já está, desculpa mãe).
A Maria diz "é amigo" e faz coceguinhas, dá abraços, beijinhos no(a) menino(a) ou boneco em questão.
A Maria quer descer as escadas sozinha "É Baía!" e andar na rua sem lhe darmos a mão "É cuidado!" (vou ter cuidado, não te preocupes).
A Maria adora cães e gatos, é meiguinha com eles. Não puxa caudas, nem pêlo, nem bigodes. Faz festinhas e diz "É xixinho" (é fofinho).
A Maria cantarola pela casa e no carro. Canta as letras à sua maneira e arranja variantes à letra original. A Maria adora a Xuxa e sabe quase todas as letras. Pede-nos para cantarmos determinada música - do có-có, do gato, do "queínho" (coelhinho) - e é bom que saibas o que ela está a pedir.
A Maria não se esquece do que lhe prometemos, por isso não lhe prometemos o que não podemos cumprir.
A Maria gosta de comer. Bebe "tetinho" (leitinho) com uma "paínha" (palhinha), adora "masha" (massa), "roz" (arroz), "xoupa" (sopa), "mate" (tomate), "nana" (banana), "pashã" (maçã), "xumo" (sumo) e "bolho" (bolo).
A Maria diz "Qué maish" (quero mais) e "É xêa" (tou cheia).
A Maria come sopa sozinha com uma "bébeu" (colher) e o resto com uma "xaco" (garfo).
A Maria brinca ao faz de conta, finge que nos faz comida e nós comemos. A dieta é difícil por causa disto.
Tou fartinha de aqui estar. Já não há cu que aguente isto. Mas também não há alternativa nem coragem. E há muita obrigação.

2010/04/13

Retro Party

Um bocadinho mais acordada que ontem (vamos fingir que sim, ok?), devo dizer que me diverti à brava este fim de semana. Aproveitando um jantar de amigos que estava marcado para sábado, lembrei-me de convocar uma flash 70, 80 & 90's party. O pessoal alinhou todo e em 2 horas quase todos conseguiram desencantar roupas, adereços, penteados e pinturas. Acho que há séculos que não fazia algo tão divertido!

T-shirt rosa choque metida para dentro das calças, blazer branco de mangas arregaçadas à Sonny Crocket (Miami Vice), óculos Ray Ban do mercado de Estoi pendurados na t-shirt, poupa altaneira, sombra de olhos rosa gelado de morango, tennis All Estrela. E a Lu de camisa de riscas azul, com estampado piroso à frente, metida para dentro das calças, todos os botões abotoados, chumaços improvisados com pensos higiénicos (resultou na perfeição), lenço de cetim com ursinhos a prender o cabelo e poupa, brincos de pérolas, lábios bem vermelhos, sombra de olhos azuis... indescritível.

Giro foi sair de casa nestes propósito, perdidas de riso, arrumar a tralha que levávamos no carro, perante o olhar dos vizinhos e passar no centro de Loulé. Às 19h da tarde, com bastante luz ainda, foi preciso coragem ;)

Chegadas à casa do anfitrião (que foi mantido na ignorância) foi morrer a rir ao encontrarmos as outras amigas e vermos como vinham. Estavam todas lindas, mas para mim quem ganhou o desafio foi a que parecia a Madonna. A música ficou ao cargo da M80, sem grandes stresses, as fajitas estavam maravilhosas e as caipirinhas desciam bem para xuxu. A Maria e o C. brincaram a noite toda; é lindo ver a cumplicidade que aqueles dois têm. É o que dá serem amigos desde a barriga. Em suma, foi do best!

2010/04/12

People who give a damn



Slow monday, estou com pouca actividade nos neurónios para acrescentar algo. Vejam, vão lá.

Dan Savage on Gay Adoption

Obrigada à miúda que me enviou isto por mail. Muito bom, a não perder.

2010/04/09

Mais um passo...

... isto parece que está a ser tirado a ferros... Faz-me recordar o dia 21 de Abril de 2005, quando eu e a Lu de Barcelona regressávamos de avião , após a primeira inseminação.

Estivemos em BCN 2 dias, e enquanto lá estivemos não demos conta de nenhum fuzué, nenhum burburinho. Passámos por vários quiosques namorando postais, ímanes para frigorífico, passámos os olhos pelas revistas e juro que não nos demos conta de manchetes sensacionalistas. Pode ter sido falta de atenção - afinal estávamos numa lua de mel, num namoro pegado e absolutamente centradas na eminência de regressarmos a Portugal com uma pequena, pequena bebé no ventre da Lu - mas não vimos nenhum alarido (again, não quer dizer que não tenha havido).

A hospedeira traz-nos os periódicos no início da viagem e é quando vimos na primeira página! É aprovado o casamento entre pessoas do mesmo sexo e adopção para casais de homossexuais. Numa assentada só! Badabin badabum. Ia explodindo, deu-me vontade de mandar o avião fazer meia volta e regressar a Barcelona.

Aqui, é o que se vê, desconfio que este PR após aprovação definitiva pelo Parlamento, vai entrar em processo de autofagia.

Posto isto, já vai sendo hora de aprender a casar :)

PS- e neste último link, vai ter que ser removido em breve o 3º ponto dos impedimentos.

2010/04/08

Tchhh pró que me foi dar!

Estamos aqui no trabalho num desassossego a ouvir a Rádio M80. Ao início de cada música é só ouvir "Ena pá, há tanto tempo." ou "Essa é D.E.M.A.I.S". Inevitavelmente, cada música transporta-nos para determinados momentos pelo que é uma viagem muito gira.

Por exemplo o "Não posso mais" do Pedro Abrunhosa & Os Bandemónio, lembram-me eu e a minha amiga Catarina encharcadas em suor a dançar no concerto que deram na Sé, em Faro, concerto inesquecível, pela banda, e pelo público que parecia estar todo possuído - fazíamos tudo ao comando do Abrunhosa. Man... those days...

E o "Heart of Glass" dos Blondie, na discoteca Day After em Viseu, com um bando de malta que estava numa road trip. Estava muito bem na minha, quando um gajo me abordou e por muito que lhe dissesse que não estava interessada e que não queria falar com ele, o gajo não desgrudava, tal era a bebedeira que tinha. "e porquê, e porquê". Até que a Guida, ao ver-me naquele enleio aproxima-se de mim, põe-me o braço por cima, dá-me um beijo que apesar de ser na cara, foi muito sensual e diz numa voz rouca "porque ela está comigo". E o gajo afastou-se a vociferar e lá gozamos o resto da noite em paz. O giro disto tudo, é que para mim nessa altura tudo isto era para lá de irreal. Estava bemmmmmmmm dentro do armário principalmente para mim mesma e pensava então, para os outros (agora não estou tão certa que os outros não vissem melhor o que eu negava). E penso, como pensei na altura, no gigante par de tomates que aquela rapariga teve naquele dia. Grande Guida.

2010/04/05

Off

é como tenho estado. Offline e até o telemóvel esteve mais longe. E foi bom, bom, BOM.

2010/03/23

Para a minha Lu...

... que adora esta música, e que com a Maria, me espera todos os dias no nosso casulo.


2010/03/22

Sinto-me decepada...

... com a forma como a Câmara Municipal de Loulé decidiu comemorar o dia Mundial da Árvore.
Estou triste, triste, triste. Não percebo como uma requalificação que pretende tornar o espaço mais pedonal, mais atractivo para os utentes, implica o abate criminoso das Tílias centenárias da Praça da República (façam zoom para verem a mancha verde). Não eram árvores em risco de cair, não constituíam perigo para ninguém.

Não mais vamos parar debaixo daquelas árvores para a Maria comer um iogurte, numa manhã de mercado ao sábado, não mais vamos passear debaixo do perfume doce das tílias, não mais vamos sentir o alívio das suas sombras num dia quente de Verão...

Aquelas Tílias, eram emblemáticas. E eram um dos meus orgulhos louletanos.

Criminoso. Postarei fotos quando conseguir aproximar-me daquele sitio outra vez...

Adenda - tudo isto, levado a cabo no Dia Mundial da Árvore. Irónico.

2010/03/19

talvez esteja mesmo na hora...

2010/03/18

O desconcerto do Mundo

Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E, para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só para mim,
Anda o mundo concertado.

Camões

Reset

Só tu para, num dia como este, cinzento, triste, cheio de aborrecimentos, me insuflares ânimo apenas e só por almoçares comigo. Amo-te mais que todas as pizzas do mundo ;)

2010/03/12

Se chove "ai que bem que estava em casa, com uma mantinha, gatinhos sobre as pernas,ver um filme..."

Se faz sol "Epá, não apetece nada estar aqui dentro, com este sol lá fora!"

ETRABALHARNÃO? Que noia.

Adenda - estava a falar de mim mesma.

2010/03/10

Agora a sério...

... Já alguém se debruçou sobre a importância de ter um bom esfingter? É para responder, ok?

2010/03/09

Será gabarolice...

... mas:
  • amigos vêm nos contar que amigos deles comentaram que a Maria é a criança mais bem-disposta e feliz que conheceram.
  • a educadora do infantário diz que a palavra que melhor descreve a Maria é "equilibrada". Partilha bem, não é demasiado mimada, não tem chamadas de atenção. Que é muito sortuda por ter 2 mães presentes. Que devemos estar muito orgulhosas dela, e muito orgulhosas de nós.
Ficamos do tamanho de uma montanha :)

2010/03/08

I've got the blues

2ª Feira, birra monumental da Maria para sair de casa. Não queria comer, não se queria vestir, não se queria lavar, não queria mudar as fraldas (que foram 2 de cocó, irra), não queria vestir o casaco... enfim... no fundo eu e ela em perfeita sintonia: Não queríamos sair de casa. Por fim lá ganhei a luta, e saímos, as duas cansadas de digladiar. But a girl got to do, what a girl got to do. Ela tem que fazer as birras dela (é saudável), e eu tenho que não deixar que estas tenham sucesso. E depois ficam sempre umas nódoas negras residuais no coração, por dó de fazer mal para fazer bem.

Hoje era daqueles dias em que ficava em casa, sem ver ninguém, na minha, gatinhos no colo, a ouvir a chuva lá fora. Apre! 2ª do demo!

2010/03/05

Contagem decrescente!

Lá fora um negro a anunciar um fim de semana inv(f)ernal. Cá dentro a certeza de que nos aguarda um fim de semana tropical! Pelo menos da caipirinha e fajitas não nos escapamos!!!
Oh yeah!

2010/03/04

Porque hoje fazes anos...
Porque te amo com todas as minhas particulas subatómicas...
Porque me apetece cobrir-te de mimos e beijos...
Porque hoje olhar para nós as três a tomar o pequeno-almoço encheu-me de ternura...


Hoje é dia de festa!!!

2010/03/03

Desvio os bebés que a Maria pôs no sofá para falar com a Lu acerca dos acontecimentos do dia. A Maria reclama "Eh xenta!" Eu digo-lhe "tens razão, sentei-me no lugar dos teus bebés" e levanto-me. Ela agarra-me pelo braço a ajudar a levantar e diz "Eh papa".


O_o

Mas afinal quem é que manda neste barraco? Hein?

Tradução: 1) Não senta.
2) Vai mazé fazer a comida.

2010/03/01

Acabo de atirar os sapatos para longe e começo a dançar o rock & roll, ao som da Xuxa. A Maria imediatamente franze o sobrolho e diz: "patos mãe". Pronto, lá se vai a espontaneidade :( LOL

2010/02/24

A Family is a Family




Adenda - para mais informações sobre este documentário ver aqui.

...

... sensação de que falta alguma coisa...

2010/02/22

Finalmente conseguimos lavar e enxugar as caminhas dos gatinhos. Uma delas, é composta por 2 caminhas de tamanhos diferentes e sequenciais, encaixadas uma na outra para ficar mais fofinho. Foram compradas nas lojas orientais (vulgo, chineses) e o preço de duas não faz o preço de 1 das outras. Tem um inconveniente: os gatinhos não podem fumar. E têm que ter bastante cuidado ao se esfregar para não criarem faíscas de electricidade estática.

Moday mood

Série de posts que não estão relacionados V

"Para graça, uma vez basta", disse-me ela. Creio que te enganaste. Também quero essa graça.

Série de posts que não estão relacionados IV

Olho à volta e só vejo espetos e fogueiras. Estamos em tempos de caça às bruxas. Assustador.

Série de posts que não estão relacionados III

Há coisas que simplesmente não se concertam. Ponto.

Série de posts que não estão relacionados II

O Amor às vezes entra-me pelos olhos, aloja-se no coração, irradia pelas artérias até às pontas dos dedos e é então que me dá vontade de te agarrar nos meus braços e encher-te de beijos.

Série de posts que não estão relacionados I

Sábado foi tempestade.
Domingo dia de sol.

2010/02/19

AI...

... pronto... uma música bem lamechas, daquelas bem enxaropadas do Michael Bublé. Culpem o TPM que hoje está fera por aqui.

Ingénua is my middle name

Não sou de falar dos outros. Da vida dos outros. Não quer dizer que não fale, mas evito e não me sinto bem com isso. Da minha, falo pelos cotovelos. Pelo menos quando sinto um mínimo de empatia e confiança, e mesmo assim receio muitas vezes expor-me em demasia.

Na mesma medida, imagino que os outros tenham mais que fazer que falar e comentar a minha vida. Sempre fui assim. Desde o momento em que os meus irmãos mais velhos, já casados e que não me ligavam senão no Natal e aniversário... se reuniram com a minha mãe, para manifestar preocupação por eu ir todos os dias para escola com uma bola de basquetebol (durante a minha adolescência) "porque não era de menina", que constatei com espanto que não sou tão invisível quanto pensava e gostava, e que afinal sob aquela capa de indiferença se escondia uma profunda preocupação pelo meu bem-estar.

Assim, ainda hoje constatei que continuo tão ingénua como aos 14 anos. Mas convenhamos... epá com uma vida tão sumarenta como a nossa, como podemos pedir às pessoas que não falem de nós??? Que lhes ficaria para comentar? A senhora da mercearia que rouba nos pesos, a crise económia, ou PIOR - Deus nos livre e guarde- dos seus próprios problemas??? C´horrooooooor.

2010/02/18

Feel good music

Porque é dia 18, e porque o meu amor gosta desta musica.

Recuerdo de S. Valentim

2010/02/11

Catarse (passem à frente se não vos apetecer)

aNa, esperava ponto por ponto estes teus comentários. ;) Demorei horas para escrever aquele post e sabia que mesmo assim para o explicar seria necessário mais do que aquelas linhas. Teria que explicar não uma, mas 6 vidas.

1) Não parto do pressuposto que a orientação homossexual nos torne super heróis. A minha mãe era a minha heroína independentemente da sua orientação sexual.

2) Tenho tendência para endeusar a minha mãe, é verdade. Não a desresponsabilizo dos seus defeitos, dos seus actos, porém acho que foi fortemente condicionada pelo meu pai por um lado e por outro lado, pela sua proveniência e opções que lhe estavam disponíveis na época em que viveu.

No caso concreto da minha mãe, ela era mais esclarecida, empreendedora, independente, forte, segura que o meu pai. Tempos houve que lhe disse que ela não precisava dele para nada, porque é que ela não se divorciava. Isto em tempos em que era muito fácil encontrar soluções para problemas complicados. Curiosamente, ao pensar como seria se a minha mãe fosse lésbica, não escrevi este post a imaginar um relacionamento desse carácter. Limitei-me a retirar a figura do meu pai do quadro. Não pus ninguém no seu lugar. A minha imaginação "doesn't go that far".

A minha mãe casou-se com o meu pai em 1956, julgo. Numa altura em que uma mulher sem educação (2ª Classe), pobre e proveniente de uma família desmembrada, sem bases e posses não tinha outra alternativa senão casar-se para ter uma maior segurança financeira. Aos 7 anos tomava conta de um rebanho de animais, cada um de sua espécie, cada um puxando para o seu lado. Levava nessa altura preso à cintura um tachinho pequenino e umas armadilhas de passarinhos, que apanhava durante o pastoreio e cozinhava no tachinho para acompanhar o naco de pão que lhe deram à saída de casa. Trabalhou também na ceifa e quando as colegas lhe descobriram a voz de rouxinol começaram a pagar-lhe uns tostões para cantar na ceifa.

Saiu de casa aos 15 anos para ir servir como criada em casa de "Senhores" em Lisboa. Atravessava Lisboa inteira para fazer as compras para a casa dos "Senhores" com o dinheiro contado, à procura onde algo fosse uns tostões mais baratos (e guardava o troco). Dormiu num vão de escadas. Namorou. Ninguém lhe encheu as medidas.


Aos 26 anos apareceu o meu pai, homem apaixonado, honesto, sem vícios. Começou a namorar com ele. Estava a ficar "fora de prazo" e as pessoas começavam a falar porque frequentava a casa do meu pai para cuidar dele enquanto ele esteve doente (teve uma pleurisia). Casou-se. Passado um ano teve 1 filho. E mais 2, de dois em dois anos. E eu passado 19 anos.

Tiveram muitos negócios. O penúltimo, negócio de criação de frangos fazia-a levantar de madrugada para matar, depenar e arranjar as galinhas para o meu pai depois levar às mercearias e restaurantes. Os meus 3 irmãos ajudavam antes e depois da escola. Lutou muito contra o meu pai e o seu autoritarismo. Valeu-lhe vários amuos de meses. Uma vez o meu pai ficou sem lhe tocar ou falar durante 6 meses. Tomou conta da minha avó paterna nos seus anos de vida durante os quais engoliu uma série de sapos.

Após o meu pai ter trespassado o último negócio que tiveram, por um valor ridiculamente baixo (nunca foi bom negociador), e ter gasto as poupanças nuns terrenos que comprou para ter mais trabalho (até ao fim dos seus dias), ficámos depenados. Começou a fazer folares e empanadilhas para ganhar dinheiro primeiro para pagar a minha explicação de Matemática e depois, após ver a boa aceitação e o rendimento que conseguia, passou a fazê-los o ano inteiro e com isso governava a casa, começou-me a dar uma semanada de 500 escudos, mandou fazer uns vestidos na modista... O meu pai sentiu-se diminuído, amuou quando ela levou a minha avó materna para a nossa casa. Passado alguns anos mudou a atitude. Ficou mais brando. Reconheceu-lhe valor. A conta bancária estava a recuperar graças aos folares e empanadilhas.

(...)

No último ano da sua vida a minha mãe faltou pela primeira vez ao respeito ao meu pai. A minha tia e ela tiveram uma discussão por causa da questão das minhas avós e a minha mãe revoltou-se por ninguém lhe agradecer ter sido ela a tratar da sogra e ao mesmo tempo ter sido tão hostilizada quando chegou a altura de tratar da sua própria mãe. O meu pai ralhou-lhe por ela ter falado como falou com a minha tia. A minha mãe disse-lhe "Olha lá... e tu não iras à merda, mazé?" E telefonou-me revoltada, zangada, injustiçada. Desabafou tudo. Consolei-a como pude. Depois veio a época das alfarrobas. E depois a das azeitonas. E eu e a Lu, grávida de 6 meses a ajudá-los. Outubro/Novembro. Dezembro, trouxe o diagnóstico de cancro. E o que se passou nos 2 meses seguintes foi demasiado doloroso, os mecanismos familiares foram demasiado sórdidos, para eu agora descrever. Terminou com ela a perguntar-me "Mereço isto?" e a desejar-me "Boa viagem, filha".

O meu pai portou-se exemplarmente durante a sua doença. Sempre a amou... como soube é certo. Quando morreu, a minha mãe tornou-se uma santa para ele. "Sempre sofreu muito, pobrezinha, por causa dos filhos... e eu também fui bastante áspero para ela." "Tens de ser forte filha, agora estás sozinha."

Agora, o meu pai voltou a ser o ser o umbiguista que sempre foi. Um umbiguista mais sofredor. Que é incapaz de acarinhar-nos na nossa visita, mas que chora na despedida. Que no seu silêncio cobra as faltas de ajuda na terra, com as alfarrobas ou as azeitonas. Que faz chantagem emocional surda. Talvez seja apenas eu que a oiça, não sei.

Esta zanga dificilmente será terapêutica, ou permitirá dar um passo em frente. Porque, como sempre não se fala "Lá estás tu, lá estão vocês com essas conversas, essas intrigas". O segredo, o silêncio, sempre o silêncio. E ainda é minha/nossa (dos filhos) a culpa de tudo o que se passou. Porque falámos. E devíamos ficar calados.

Quanto à minha mãe, esta mulher, com esta força que lhe conheci... dificilmente iria tolerar subjugação se estivesse em igualdade de circunstâncias. Talvez eu seja ingénua. Talvez não.